É impossível um
cidadão consciente não se abalar com as cenas dramáticas de deslizamentos, enchentes, pessoas se agarrando a árvores ou postes, carros sendo levados pelas águas, sofás e geladeiras boiando, crianças sobre
os móveis de casas alagadas, mortes etc., infelizmente imagens bem comuns nos últimos tempos. A crise climática chegou
e não vai embora tão cedo e, como a maioria da população mundial vive em
cidades, é preciso, de novo, de novo e de novo, lembrar de, além de um melhor e constante uso da tecnologia com sistemas de mapeamento,
alerta e monitoramento, atitudes permanentes que
podem ser tomadas por todos, sociedade e poder público sem exceção, além de possibilidades
para driblar, mitigar ou interromper de vez esse doloroso processo a cada
estação de chuvas:
- Interromper/punir o desmatamento e a ocupação das várzeas, áreas naturais de espraiamento das águas de rios e córregos;
- Desocupar áreas de risco, aumentar a fiscalização e fazer cumprir a lei no que tange à ocupação irregular de locais indevidos como áreas de preservação permanente, escarpas, beira de córregos, rios, represas, baixadas etc. Afinal, o rio corre para o mar, então, é óbvio que as águas de chuva vão se acumular nas baixadas;
- Planejar e investir em políticas públicas efetivas destinadas a diminuir o déficit habitacional, designando locais adequados para construção dos imóveis (há anos, arquitetos falam disso);
- Priorizar políticas sérias que visem ao adensamento razoável das cidades, em oposição à infindável e enganosa expansão urbana;
- Esclarecer a população em geral quanto à necessidade imperiosa de diminuir a impermeabilização das cidades e das nossas casas (áreas como quintais e jardins, por exemplo);
- Criar cidades esponja,
parques alagáveis, jardins de chuva, piscinões, corredores verdes, parques
lineares etc, tornando as cidades mais porosas (leia aqui);
- Proteger as matas ciliares existentes e implantar mais áreas verdes, pois árvores limpam o ar, diminuem os ventos e o calor, permitem absorção da água da chuva no solo, o que alimenta o lençol freático, entre outros benefícios;
- Modificar os
materiais empregados na pavimentação de ruas, utilizando pisos ecológicos e drenantes,
inclusive em calçadas e calçadões;
- Investir em pesquisas (sempre e mais) em materiais alternativos ao típico asfalto, material impermeável, sujeito às variações do preço do petróleo e à radiação solar, aumentando, portanto, o calor nas cidades;
- Enfim ouvir, educar-se, educar a sociedade, compreender e atender aos pedidos de socorro da mãe Terra.
Outra opção seria
o uso de asfalto ecológico (vale a pesquisa), ou mesmo piso de concreto, a exemplo de várias cidades do Nordeste, como Fortaleza e Salvador. Embora o custo inicial de implantação seja mais alto, a longo prazo a opção vale a pena, já que pisos de concreto são mais
resistentes, se desgastam menos com o tempo, requerem menos manutenção, absorvem
menos a radiação de calor e melhoram a iluminação das vias no período noturno,
como explica Iuri Bessa, professor do Departamento de
Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC) e como mostram vários artigos dos boletins da Votorantim
Cimentos (Mapa da Obra) e o da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP),
entre outros.
Ana Gabriela
Saraiva, representante regional da ABCP e professora do curso de
Engenharia de Produção Civil da UNEB, por exemplo, destaca várias ações para
transformar a paisagem urbana e criar espaços seguros e agradáveis para todos,
dentre eles a pavimentação de vias públicas e os sistemas de drenagem, priorizando ações à base de cimento para melhorar o desempenho, a durabilidade das
soluções propostas e a questão de sustentabilidade. Hoje, é sabido que muitas indústrias e cimenteiras
estão preocupadas com questões ambientais e aplicam essas soluções em seu
processo produtivo.
Evidentemente, é
preciso pesquisa antes da tomada de decisão, mas o sistema viário e sua
pavimentação são itens cruciais no planejamento urbano de qualquer
cidade que vise ajustar-se aos novos tempos de grandes mudanças
climáticas. Tudo para ontem, é claro!
Referências
https://www.mapadaobra.com.br/calendario/pavimento-urbano-concreto/
https://www.instagram.com/p/DExjJC0tXIG/?img_index=1&igsh=bjl4NW16ZTFqeXgz
www.solucoesparacidades.com.br
https://ecotelhado.com/blog/prevencao-de-enchentes-o-que-fazer-em-grandes-centros/
Pois é, outro dia encontrei uma pessoa de São Lourenço toda feliz, porque a cidade ia trocar os paralelepípedos por asfalto...
ResponderExcluirPois é...falta de informação....
Excluirhttps://catalogo-sbn-oics.cgee.org.br/
ResponderExcluirQuestão crítica, Anita. Acima link enviado pela Gabriela, minha filha, que trabalha em projetos com o pessoal da faculdade de arquitetura da USP de São Carlos. Abraços Zé Marcelino
Trabalho importantíssimo, obrigada, Zé! Segue o link aqui de novo:
Excluirhttps://catalogo-sbn-oics.cgee.org.br/
População e governantes = cada um cumprir sua responsabilidade. Transcender a exclusividade de olhar para os próprios benefícios e perceber e agir pelo bem comum. Inclusive harmonização com quem nos acolhe para experimentar a vida: planeta Terra.
ResponderExcluirExatamente, trabalho conjunto de todos para todos, senão não vai....
ExcluirBrava Anita ,questo è un problema attuale che registriamo anche in Italia ,come in tutto il mondo,a tutti i livelli dobbiamo impegnarci affinchè la situazione,diventata molto pericolosa,possa essere sconfitta per salvare questo vecchio pianeta.Ciao un abbraccio
ResponderExcluirGrazie, Tonino. Hai detto bene, dobbiamo impegnarci, tutti quanti....e presto....prestissimo....grazie ed un abbraccio
ExcluirE também é importante dar uma destinação inteligente pra todo o asfalto que é raspado a cada recapeamento. Eu penso que asfalto só devia ser utilizado em auto-estrada e pistas rápidas.
ResponderExcluirImportante observação....bjs
ExcluirQuestão urgentíssima, Anita! O povo precisa se informar/ser informado e nossos governantes governar! Seu dever e missão são para o público e não para seu próprio ganho.
ResponderExcluirDifícil, né, estamos numa fase de individualismo atroz... Esqueceram a função dos políticos, dos que governavam a polis grega para o bem comum. Bjs
ExcluirTarefa gigantesca, sobretudo considerando o poder da especulação imobiliária !
ResponderExcluirNem me fale.....é só ver I que estão fazendo em cidades como SP e Balneário Camboriú....
ExcluirBoa tarde!
ResponderExcluirA abordagem está perfeita. A várzea, além de ser a área mais baixa e vulnerável a inundações, geralmente recebe o escoamento das redes de galeria de águas pluviais, que deságuam nos córregos. Não é incomum que essas redes enfrentem desafios, como tubos de concreto submersos, o que impede o fluxo adequado da água. Como resultado, quando o nível dos córregos sobe, ocorre o refluxo, causando inundações nos bairros que ocupam as margens externas dos cursos d’água.
Ótimo texto Anitinha!Precisamos ter consciência do quanto é importante cuidarmos com amor de nossas ruas,rios,mananciais etc.Temos que cobrar dos governantes esse cuidado também. Bebel
ResponderExcluirFiquei acrecentada
ResponderExcluirEstou acrecentada com o seu texto, parabéns! Gostei também da questão sobre o chão impermeaável.
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