sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Ecos Imateriais | Meditar, bicho de sete cabeças?

Para um novato, meditar pode parecer um bicho de sete cabeças, ou coisa do outro mundo, mas, acredite, não é! Segundo o Aulete, meditar é "concentrar-se espiritualmente para desligar-se, aos poucos, das preocupações do mundo material. O termo vem do latim meditare." Meditar, então, é concentrar-se no presente, estar inteiro onde você está, no que estiver fazendo. O livro Gestos de Equilíbrio, do monge tibetano Thartang Tulku (Pensamento) nos ensina que quando estamos presente, a inspiração meditativa nos orienta e inspira.
 
Sim, há diferentes tipos de meditação. Alguns direcionam o praticante a manter o foco em algo específico - na respiração, em um som, música, mantra, imagem, frase, centros de força etc. Há ainda as meditações em movimento e as guiadas, nas quais um narrador direciona a atenção do praticante para imagens ou visualizações. Recentemente, temos ouvido falar muito da mindfulness, que é buscar a chamada atenção plena, em outras palavras, o estar atento, alerta e focado  no momento presente. 
 
Ocorre que meditar não é novidade, tampouco uma panaceia recém-descoberta nesses nossos tempos estranhos que apagam tudo o que já foi feito, como se inventássemos a lâmpada a cada dia! Ao contrário, meditar é prática milenar com origem nas tradições orientais, como mostram os Vedas, os textos sagrados mais antigos do mundo.  A novidade é que, só há pouco tempo, essa prática tenha sido compreendida como uma atividade extremamente benéfica para o ser humano, sendo cada vez mais indicada por profissionais da saúde. 

É bom lembrar que meditar não tem nada a ver com pensar. Refletir/ ponderar/ pensar bem antes de tomar qualquer decisão é outra coisa; é, certamente, uma questão de bom senso, mas não é meditação. Mas mesmo nesse caso, o praticante também se beneficia com a meditação, porque ao meditar, ele consegue clarear a percepção geral da situação, ter mais discernimento e, ainda que não perceba de modo consciente, acaba compreendendo as nuances do assunto em questão. 

Outra confusão. Meditar não significa interromper os pensamentos, porque quanto mais você se preocupa em “não pensar’”, mais vai pensar em algo. Basta imaginar os pensamentos como nuvens no céu azul, nuvens que vêm e vão. Então, assim como não é possível eliminar as nuvens, também não é possível impedir os pensamentos. Se quiser meditar, fixe sua atenção em algo, seu porto, sua âncora (a respiração, por exemplo) e deixe que os pensamentos passem, porque, tenha certeza, eles vão chegar. Não se irrite, não se distraia, nem se perturbe com eles; fique firme e mantenha a atenção na respiração. Com o tempo, os pensamentos não incomodam mais e nem mesmo os ruídos do mundo, porque eles também vão continuar existindo. O mundo não vai parar para você meditar. Mas, você, porém, estará seguro no seu refúgio secreto, na sua respiração, no seu silêncio interior.

Ao meditar com regularidade, você acalma e equilibra corpo, mente e alma. O corpo relaxa, se regenera, minimiza distúrbios emocionais e físicos causados pela ansiedade e pelo estresse, como pressão alta, enxaqueca, risco de infartos etc; o sistema imunológico melhora; a mente descansa e se acalma, a memória fica mais vívida e ativa, você dorme melhor, aprende a ser mais focado e se distrai menos no dia a dia, portanto, erra menos, esquece menos e se cansa menos.

Adotando uma prática constante, sua alma fica em paz, porque você entra em contato com sua parte mais nobre e luminosa,  sua essência, sua porção feita de luz, como disse o psiquiatra Brian Weiss em seu livro Meditando com Brian Weiss. Quanto mais atingir esse espaço/tempo sem tempo, mais fácil será voltar das próximas vezes. É como todo treino: quanto mais pratico, melhor eu fico; quanto mais medito, mais tranquilo, saudável, equilibrado e em paz eu fico. 

Boa prática, boa percepção meditativa, boa meditação!

Referências

Tarthang Tulku. São Paulo: Pensamento,1977.

https://www.tuasaude.com/como-meditar/

https://www.minhavida.com.br/materias/materia-23719

https://crispitanga.com.br/meditacao-guiada-para-criancas/

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Ecos Linguísticos | Palin... o quê?

P-A-L-Í-N-D-R-O-M-O.  Pa-lín-dro-mo.  Palíndromo! 


Como assim, você não sabe o que é? Acho que sabe, sim, só se esqueceu do nome. Trata-se de mais um desses termos complicados que caracterizam situações específicas da nossa língua. Pode ser d
ifícil guardar o nome desse jogo linguístico, mas é fácil perceber sua existência. Veja aqui: Ana,  Ada, ala, ovo, osso e radar, por exemplo, são casos clássicos de palíndromos. Percebeu? Temos um palíndromo quando lemos a mesma palavra nos dois sentidos. Lembram-se de mais algum? 
 

Palíndromos também funcionam com números e o quadrado Sator é um dos mais conhecidos. Além disso, por incrível que pareça há frases inteiras que são palíndromos, mas aí, convenhamos, descobri-los é um quebra-cabeças muito mais difícil, certo?  Seguem três exemplos: O LOBO AMA O BOLO;  A MALA NADA NA LAMA;    ROMA ME TEM AMOR.   

 

Com certeza, é um jogo que trabalha a atenção e o desenvolvimento mental, como tantos outros. Quando meus filhos eram pequenos, brincávamos de quebra-cabeça, claro, mas também com jogos de tabuleiro e outros que envolviam palavras, como o jogo do STOP, palavras cruzadas, adivinhações etc., mas formar palíndromos não deixa de ser uma boa dica de um passatempo saudável e criativo para você e suas crianças. Quem sabe elas não se esquecem um pouco das telas e das redes sociais e brincam mais com o português, não?  Sou suspeita, já que A-DO-RO e me divirto com a nossa língua... 

Referências

Aulete - https://aulete.com.br/palíndromo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%ADndromo

https://www.todamateria.com.br/palindromo/

https://www.meudicionario.org/palindromo