sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

Ecos Culturais | Redes Sociais



Muito já se falou e se fala sobre o uso da internet e das redes sociais. Há pontos positivos, claro, mas os negativos parecem intransponíveis já que a linguagem das redes também pode ser (muitíssimo) mentirosa, violenta e preconceituosa, causando danos emocionais (e físicos) duradouros. O que ocorre é que por trás de uma tela, as pessoas parecem ter perdido, se é que algum dia tiveram, o bom senso, o medo, a vergonha, a compaixão.

Aliás, li há pouco tempo uma frase emblemática que dizia: "Existem os influencers porque existem os idioters". Faz total sentido, não? Para combater os idioters só o conhecimento e o bom senso, este essencial o tempo todo já que a história nos mostra que nem tudo que vale para um vale para outros e vice-versa. Por isso, a regulamentação do conteúdo das plataformas é necessária e qualquer lei que valha para a vida comum deve valer também para o mundo virtual.  

O fato é que as pessoas parecem ter-se esquecido de que a vida real, fora das redes sociais, é mais importante. Nada como conversar com alguém 'olho no olho', rir, brincar, exercitar corpo e mente, trocar ideias, ler, aprender, conversar e formar o pensamento crítico com base em boas leituras... Ou seja, não basta se “informar” pelo que recebemos pelas redes sociais. É preciso ter sempre o pé atrás com o que lemos nas redes e questionar, buscar fontes sérias, perguntar-se a quem interessa a divulgação daquele fato, analisar dados e fatos históricos, fazer as contas e as conexões devidas, ter olho e pensamento crítico, porque ler é muito mais do que entender as letras e palavras. Sim, sim, dá trabalho e, por isso, tantos preferem só a leitura leve das redes... Mas não se enganem,  ler, compreender, analisar e formar o pensamento leva tempo e isso deve começar desde criança para não sermos manipulados nem ludibriados com falsos “profetas”.... 

Ademais, isso vale tanto para quem lê como para quem escreve. Antes de escrever e publicar sua opinião sobre qualquer coisa, pergunte-se se vale a pena falar, se tem certeza absoluta do que vai dizer ou apenas “ouviu” dizer; pergunte-se a quem interessa, de fato, a sua opinião e, sobretudo, aplique os três famosos filtros de Sócrates sobre o que vai dizer: é bom, é útil, é verdadeiro? Se a resposta a uma dessas três simples perguntinhas for não ou não sei, esqueça e guarde seu comentário para si. 

Referências:

https://anitadimarco.blogspot.com/2019/04/ecos-literarios-gramatica-da-manipulacao.html 
https://anitadimarco.blogspot.com/2022/01/ecos-humanos-ter-o-que-dizer.html 

https://www.lastampa.it/cultura/2015/06/11/news/umberto-eco-con-i-social-parola-a-legioni-di-imbecilli-1.35250428  

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Ecos Humanos | Humanidade (2)

 Dom Odilo e o Papa. Foto: Vatican News
Ainda focada no tema humanidade, resolvi trazer aqui partes de um excelente artigo escrito pelo arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer e publicado no O Estado de São Paulo em dezembro/2022.  Falando sobre o Natal, ele mencionou que “na antropologia cristã, todos nós procedemos de uma mesma origem e temos em comum a mesma essência”.

Destacou que somos uma única humanidade, que cor da pele, etnias, línguas e raças são elementos secundários e que jamais deveriam ser postos em primeiro lugar, como acontece hoje. Lembrou que todos, sem exceção, têm as mesmas aspirações e desejos em relação à felicidade e à paz e que, portanto, nossas diferenças não são excludentes, como alguns ainda acreditam e querem fazer crer nos dias de hoje.

Ressaltou que ninguém é superior a ninguém, que nenhuma raça é superior à outra e que ninguém é uma ilha para viver sozinho, que todos dependemos uns dos outros e, por isso, não se pode ser indiferente ao sofrimento humano. Até quando manteremos esse muro da indiferença, da desigualdade, do preconceito?

Por fim, Dom Odilo citou o papa Francisco e a encíclica Fratelli Tutti, de 2020, sobre fraternidade e amizade social (2020), na qual o papa reflete  [...] sobre as questões globais que envolvem a dignidade e a responsabilidade de todos os seres humanos, propondo a fraternidade como grande projeto comum a toda a humanidade, a ser realizado mediante o esforço lúcido, corajoso e persistente de todos os membros da comunidade humana. Diante das várias formas atuais de afirmação exacerbada do individualismo, que leva a fechar-se ao outro, a descartar e eliminar o próximo, “sejamos capazes de reagir com um novo sonho de fraternidade e amizade social. (...) Sonhemos com uma única humanidade, como filhos desta mesma terra que alberga a todos, cada qual com a riqueza de sua fé ou das suas convicções, cada qual com sua própria voz, mas todos irmãos”.    

Precisa dizer mais?  

Referências

https://anitadimarco.blogspot.com/2022/01/ecos-humanos-ter-o-que-dizer.html

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-12/natal-festa-fraternidade-universal.html 

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2024-10/papa-dom-odilo-mais-2-anos-arquidiocese-sao-paulo.html 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Ecos Humanos | Humanidade (1)

O termo humanidade lembra o número UM. Porém, o conjunto dos seres humanos parece não se dar conta disso, não perceber que o que acontece afeta o que acontece aqui...e vice-versa, que estamos todos interligados, que somos uma só humanidade e, como dizem textos sagrados de várias linhas religiosas "ninguém se salva sozinho, ou nos salvamos todos juntos ou ninguém se salva". Ou ainda como bem disse John Donne, poeta inglês do século XVII: “A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”. Entretanto, esse entendimento parece cada dia mais distante.

“A vida deveria ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita!” Era o que cantava Gonzaguinha, poeta que nos deixou muito cedo... Mas a vida é isso, é impermanência, superação, resiliência e crescimento. Não se pode ceder à vontade de descer do mundo. Quando se sentir abatido, triste, lembre-se do grande espírita Chico Xavier (1910–2002). Quando alguém o ofendia, ele relevava e explicava que ficaria mais triste se fosse ele o ofensor. Chico conhecia sua missão e sabia a que veio.

 É preciso ter consciência de que temos um papel a cumprir no concerto universal e, para isso, é preciso encontrar nosso ikigai, termo japonês que significa propósito ou sentido de vida, algo que motiva, impulsiona e faz o indivíduo querer acordar e viver. O meu é fazer o meu melhor em cada ação, crescer e cumprir minha missão. Qual é o seu?  Então, diante de situações desanimadoras, tristes, como as que nosso mundo enfrenta hoje, a solução é respirar fundo e, sem deixar cair a peteca, sacudir o desânimo, o cansaço e continuar fazendo a nossa parte da melhor maneira possível. O que fazemos afeta, sim, o nosso entorno, como num imenso dominó.

Ademais, da mesma forma que no yoga reverenciamos a tradição à qual nos filiamos, na vida é fundamental reverenciar e reconhecer que somos parte de uma extensa linhagem, que nunca fomos sozinhos, que pertencemos a uma longa linha - a nossa ancestralidade - que permitiu que estivéssemos aqui hoje. É como se fôssemos uma folhinha das mais miúdas de uma imensa árvore, a árvore da vida, que tem todas as suas partes interligadas e todas (inclusive as pequeninas folhas) sobrevivem pela força nutritiva das raízes!

Que em 2025, despertemos em nós a consciência, e a responsabilidade aí embutida, de que somos parte do todo e, como tal, cada ação nossa afeta esse todo, para o bem ou para o mal!

Referências

https://anitadimarco.blogspot.com/2022/01/ecos-humanos-ter-o-que-dizer.html

https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2022-12/natal-festa-fraternidade-universal.html