Continuação da Parte 3
Praça de Espanha. Foto: Anita Di Marco |
Vias amplas e compartilhadas. Foto: Renato S. Alves |
Tapas, viños, sangrias e postres,
aqui
vamos nós.... Tudo muito bom! A cidade é arejada, ampla, arborizada e o que me
impressionou, além da quantidade, da qualidade e da limpeza de largos e praças, foi o piso
das calçadas e das vias do Centro Histórico – ladrilhos regulares, sem grandes
desníveis entre calçadas e ruas, formando um todo harmonioso e onde se percebia
um acordo tácito de respeito entre todos os que frequentavam aqueles espaços – dúzias
de ciclistas, pedestres, carrinhos de bebês, idosos com ou sem bengalas,
turistas distraídos com suas máquinas fotográficas em punho, carros, bondes....
A velocidade? 50 quilômetros por hora, fora do Centro Histórico. No Centro
Histórico, nas chamadas áreas pacificadas, a velocidade chegava a 30 km/h e as
faixas de pedestres eram totalmente respeitadas. E o que mais nos surpreendeu: ninguém
reclamava, ninguém parecia ter pressa, todos transitavam sem estresse, sem
buzinas, sem agressividade! Um banho de civilidade! Aliás, também já me referi
a isso ao falar de Portugal, o respeito aos pedestres e aos turistas é
admirável.
Nosso roteiro sempre procurou aproveitar o máximo do incomparável legado cultural e arquitetônico dos lugares que visitamos. Na nossa primeira tarde em
Sevilha, o lugar mais próximo da nossa lista era a Plaza de la Encarnación,
revitalizada em 2011. A fantástica obra do arquiteto alemão Jurgen Mayer
(1965), o Parasol-Metropol, mais conhecida como as Setas de Sevilha, é uma
estrutura de ferro e madeira que se percorre do subsolo (museu arqueológico, lojinha e
entrada para o elevador), até o quarto andar, de onde saem as rampas para o último
andar, o mirante, a 30 metros do chão. Como Sevilha é plana, lá do alto,
tem-se uma vista de 360 graus da cidade....
Ao longe, destacavam-se a torre
vermelha do Centro Cultural de Sevilha, o mais novo arranha-céu da cidade e
cuja construção foi polêmica, a cúpula da grande catedral ao lado da Giralda,
a torre-minarete que domina a paisagem local, e a Ponte Alamillo, outra obra de
Santiago Calatrava, também para a Exposição Universal de 1992...
À note, tapas e sangria, claro! Na Espanha, as tapas são essenciais na culinária, sobretudo na Andaluzia, mas mais do que isso: são formas de se relacionar. Lá tapear é um ritual social a ser
cumprido. E as chamadas terrazas, as mesinhas nas
calçadas, inundam a cidade. Além das tapas, o flamenco é outra marca registrada e
tradição em Sevilha, mas também ficamos sem assistir a uma apresentação. Vai para lista, junto com o bairro
Triana. A lista da próxima viagem já está ficando bem grande...
Setas de Sevilha, mirante. Vistas. Foto: Anita Di Marco |
Marco indicativo do Caminho de Santiago. Foto: Anita Di Marco |
Segundo
dia em Sevilha – através da minha filhota, descobrimos a existência das
fantásticas e democráticas “free walking
tours”: passeios a pé pelo Centro Histórico com guias educados, animados e
muito bem preparados, com informações corretas e extensas... Os passeios são
oferecidos em vários idiomas. Ficamos com o guia em espanhol. Aliás, fica a
dica. Os grupos com guias que falam espanhol são bem menores; nosso grupo, por
exemplo, tinha sete pessoas, fora Rocio, nossa simpática guia, enquanto o
grupo com guia que falava em inglês tinha 22 pessoas. Várias agências oferecem os
passeios. Nós escolhemos o grupo da Pancho Tours, identificado com a cor laranja,
nas camisetas e no infalível guarda-chuva. Ah, sim! A inscrição deve ser feita
pela internet e com antecedência.
La Giralda, ponto de encontro. Foto: Anita Di Marco |
Demos um passeio
excelente pela capital da Andaluzia, de quase três horas, vimos e ouvimos falar
da história da cidade, de seus povos, dos principais monumentos, arte e
estilos. O passeio começava atrás da Catedral, percorria o Centro Histórico,
passando pelo Arquivo das Índias, com um riquíssimo acervo de documentos; pela torre do Ouro, construção de 1220, cujo tom dourado, provavelmente, derivava da areia da região...
Arquivo Geral das Índias. Foto: Anita Di Marco |
Torre do Ouro. Foto: Anita Di Marco |
Universidade de Sevilha. Foto: Anita Di Marco |
Universidade de Sevilha.Foto: Anita Di Marco |
Praça de Espanha. Foto: Anita Di Marco |
Catedral e a torre La Giralda. Foto: Anita Di Marco. |
Naquele
horário, 50 minutos antes do encerramento das visitas, já quase não havia
filas. Entramos e percorremos o edifício, boquiabertos com o espaço, a
decoração do altar principal, as capelas, as obras de arte, as esculturas, os
detalhes, a imponência... e também, convenhamos, em função do curto tempo que
nos restava para a visita. Foi rápido, mas proveitoso. No final, os 34 andares
da torre-minarete, La Giralda, que chega a 96 metros de altura. De novo, as
deslumbrantes vistas de 360 graus a partir do topo e o Pátio das Laranjeiras,
lá embaixo, junto à saída.... Mas o mais interessante da subida na torre é que
não há escadas e, sim, rampas! Meus joelhos agradeceram muitíssimo! Portanto,
não desanimem. Vale a pena subir até lá...
Sinos da Torre-minarete. Foto: Anita Di Marco. |
Pátio das Laranjeiras, visto do alto da torre. Foto: Anita Di Marco |
Ponte Alamillo, vista da Torre La Giralda.Foto: Anita Di Marco |
Dia seguinte, só tínhamos tempo para visitar o Real Alcazar de Sevilha, inacreditável complexo de fortaleza e edifícios de diferentes épocas, jardins e pátios, já que nosso voo de volta estava marcado para aquela noite. Chegamos meia hora antes da abertura dos portões e a fila já era grande, mas ficamos firmes e, depois de uma hora, entramos.
Muralha em torno do Real Alcazar. Foto: Anita Di Marco |
Parte do complexo original dos mouros. Foto: Anita Di Marco |
Um dos Pátios do Alcazar, em Sevilha. Foto: Anita Di Marco |
Areia amarelada só encontrada na região: nos jardins, na Torre do Ouro e na Plaza de Toros. Foto: Anita Di Marco |
Nossa última sangria! Gracias e hasta la vista! |
Relato de Ecos Urbanos|Na Península Ibérica dividido em quatro partes:
P1: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-14.html
P2: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-24.html
P3: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-34.html
P4: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-44.html
P1: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-14.html
P2: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-24.html
P3: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-34.html
P4: https://anitadimarco.blogspot.com/2018/11/ecos-urbanos-na-peninsula-iberica-44.html
Nota:
O relato acima também foi publicado no Portal
Vitruvius, que postou um número bem maior de fotos.
DI MARCO,
Anita. Na península ibérica. Porto e arredores (Parte
1). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 140.07, Vitruvius, nov.
2018.
DI MARCO,
Anita. Na península ibérica. Aveiro, Coimbra e a rota dos mosteiros (Parte 2).
Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 141.03, Vitruvius, dez. 2019.
DI MARCO,
Anita. Na península ibérica. Lisboa e Sintra (Parte
3). Arquiteturismo, São Paulo, ano 12, n. 142.01, Vitruvius, jan.
2019.
DI MARCO,
Anita. Na península ibérica. Sevilha ( (Parte
4). Arquiteturismo, São Paulo, ano 13, n. 144.01, Vitruvius, mar.
2019.
Referências
http://www.monumentos.gov.pt
https://www.cultuga.com.br
https://www.oportoencanta.com
Ao terminar a leitura, sinto-me como estivesse viajado juntos nesses minutos: lendo seu texto (muito bem escrito), analisando as fotos (cuidadosamente tiradas) e pesquisando no mapa cada cidade pelas quais vocês passaram. Parabéns, viajar enriquece!
ResponderExcluirGuilherme
Obrigada, Guilherme! Viajar enriquece a alma, amplia a mente, nos faz pensar, cria repertório e nos mostra como somos pequenos nesse mundão... Volte sempre! bjs
ExcluirAnita
Olá, Anita!!
ResponderExcluirAgora visualizei os mosteiros de Alcobaça, Tomar e Batalha: de tirar o fôlego! Que bom gosto você teve ao fazer esse roteiro! Espero que o Victor veja logo, claro que vai se animar.
Gostaria de dizer que você pode voltar a Coimbra, porque você amaria o Santa Clara, a velha!! Nossa, tem ruínas da igreja e o cemitério. Esse cemitério amei! Tente ver em imagens, da internet. Os túmulos são tão antigos, que nem se pode pisar na área perto deles. Também um museu com muitas obras. Inclusive, com ossos das freiras, mostrando as articulações, elas sofriam muito com as inundações da antiga igreja - vc mesma cita isso - e tinham dores nos joelhos. Nesse museu tem um documentário, numa sala de cinema, sobre a vida de Santa Izabel.
Outra coisa que perdemos, embora soubéssemos que existia, foi o poço dos iniciáticos, na subida para o castelo dos mouros e do palácio da Pena. Ficava - o poço - naquele nível intermediário, onde está o palácio que é museu nacional - não me lembro o nome agora!..
A torre que vc fala, na Universidade de Coimbra, é do relógio apelidado de "cabra"? O relógio que marcava todos os afazeres e suas horas, desde a Idade Média.
Fiquei curiosa também com a arquitetura de Siza e da Arquiteta inglesa - olhei fotos na internet.
Conhecemos Sevilha - mas foi rápido - você aponta vários monumentos que vale a pena visitar!
Ah, sim. Aquele claustro onde senti plenitude e Êxtase, foi em Santa Clara, a nova. Acho que Santa Cruz não chegamos a ir. MAs vi que é monumental e lindo!!
Por enquanto, é isso que tenho a dizer!
Depois, escrevo mais, À medida que for me lembrando.
Seu texto, nem parece ter 27 páginas, é muito bom de se ler. Está sublime, com o cuidado das informações.
A linguagem tanto faz chorar, quanto rir. Muito poética e entregue!..
Parabéns, de novo!!
Abraços
Valquíria
Que delícia de relato, também, Valquíria. Aliás, me basei em muitas informações suas, você sabe. Viajar é tudo de bom. Obrigada por viajar aqui no meu blog, também, beijo grande
ResponderExcluirAnita