Às vezes, me pego com saudades do Jornal
da Tarde (jan.1966—out.2012), vespertino da cidade de São Paulo,
o famoso JT. Foi com o JT que aprendi a ler jornal... O jornalista Mino Carta, hoje editor e diretor da revista Carta Capital, junto com outros dois jornalistas (Rui Mesquita e Murilo Felisberto), foi um de seus idealizadores e comandou a equipe de jornalistas daquele jornal por
cerca de dois anos.
Filho menor e com a
mesma postura editorial de linha conservadora do jornal O Estado de São Paulo, o Jornal da Tarde definia-se como “fundamentalmente paulista”, tanto é
que nem sempre era encontrado fora da cidade de São Paulo. Para atingir um
novo público, buscava ser mais leve e inovador, tanto na
diagramação quanto no texto, visto como uma forma de literatura. Uma de suas marcas registradas foi a publicação, após o
Ato Institucional nº 5, durante os chamados anos de chumbo (que, absurdamente, alguns ainda não acreditam ter existido), receitas de culinária no espaço dedicado às notícias que eram censuradas.
Em 1984, o JT aliou-se ao Movimento das Diretas Já, mas
na primeira fase da Constituinte, foi contrário às inovações sociais previstas e,
nas eleições de 1989, mantendo seu perfil conservador, colocou-se
abertamente contra o candidato popular, Luiz Inácio Lula da Silva. A partir
daí, eu já morava fora da capital paulista e não mais seguia diariamente o jornal. Quatro décadas e meia após sua fundação, alegando
redução de custos, os proprietários fizeram a última edição impressa do
JT, dizendo que seu irmão mais velho, O Estadão, iria
abrigar as principais contribuições do caçula. Que pena!
Mas, retomando e explicando o título deste post. Mino
Carta, quando editor do jornal, conseguiu reunir vários nomes de peso, dentre
eles Luis Nassif, Fernando Morais, Lourenço Diaféria, Leo Gilson Ribeiro (intelectual varginhense) e Luiz Carlos Lisboa (1929). Este último, também escritor e tradutor, publicava,
a cada semana, crônicas ligadas à vida, à ética, à filosofia e à
espiritualidade em geral. Leitora assídua, eu esperava e recortava suas
crônicas. Por muito tempo eu as guardei, até que um dia, recebi de um grande
amigo, hoje meu companheiro, um livro dele chamado A Arte de Desaprender (Rio de Janeiro: Antares, 1981), com ensaios filosóficos sobre a vida e a arte de viver. Hoje, Luiz Carlos Lisboa mora nos Estados Unidos, onde tem mais tempo para se dedicar às suas traduções e novos livros.
Em função desse livro, o termo desaprender ficou para sempre na minha memória e, cada dia mais, percebo um número crescente de pessoas que desaprendem os princípios básicos e elementares de uma saudável e solidária convivência humana, de harmonia social no mais amplo sentido do termo. Que pena!
Última capa do Jornal da Tarde. |
Em função desse livro, o termo desaprender ficou para sempre na minha memória e, cada dia mais, percebo um número crescente de pessoas que desaprendem os princípios básicos e elementares de uma saudável e solidária convivência humana, de harmonia social no mais amplo sentido do termo. Que pena!
Referências:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/jornal-da-tarde
Verdade,amiga. E triste também. Chocada , desiludida, atônita.Foi muito rápido este desenrolar da história. Parabéns por este presente de tarde. Beijos
ResponderExcluirIone
Como os girassóis, olhando sempre uns para os outros, mesmo nos dias sem sol... Força, aí! obrigada, querida, por sempre aparecer. bjs
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