Cidades são criações humanas. Ao longo da história, os
indivíduos foram se agrupando, erguendo vilarejos e núcleos urbanos com o fito de
se protegerem e se ajudarem mutuamente. O propósito inicial era bom, benéfico
para todos. Quando todos vivem bem, moram bem, são respeitados, têm bons equipamentos, bons serviços, espaços públicos e áreas verdes, com certeza, a tendência é
qualidade de vida para todo e qualquer cidadão. Dessa forma, atinge-se aquele
objetivo inicial buscado na pólis grega: favorecer o bem comum e o
desenvolvimento do cidadão.
Hoje, no entanto, não é o que se vê. O tempo foi
passando, as cidades foram crescendo e se espalhando sem planejamento, destruindo
o meio ambiente, a especulação imobiliária foi se avolumando, os interesses
pessoais e a ganância foram aumentando e, no sentido inverso, o interesse pelo
bem-estar das comunidades foi esquecido. Hoje, cidades são representadas por prédios
de grife, ruas estreladas, carros de última geração, centros de compra
luxuosos, bairros fechados e segregados. Os cidadãos, os moradores, aqueles que,
de fato, promovem a vida urbana foram esquecidos. Ora, mas quem faz as cidades são exatamente os moradores.
É o conjunto da população, de todas as classes sociais, de todos os matizes e de
todas as cores. O morador, seja ele qual for, não deveria morar bem? Não deveria ter direito a uma cidade segura,
agradável, vibrante, acolhedora, com parques bem cuidados e rica em cultura e
bons serviços?
São Paulo. Imagem: Wikipedia. |
O mal das cidades é que elas perderam de vista seu
conceito inicial, aquele da polis grega, de conceder a todo ser humano um local
para seu desenvolvimento pleno, e cederam à especulação, à segregação e ao
espraiamento. Deixaram de ser cidades, na origem do termo. Em sua maioria, são
aglomerações mal definidas, cada qual defendendo seu território e seus interesses. E, como todos sabem, quem pode mais...
A propósito, li excelente artigo do geólogo Álvaro Rodrigues dos
Santos sobre o espraiamento das cidades brasileiras e suas consequências, por
sinal, óbvias para quem quiser ver. Basta pensar nas dimensões, no nível de
adensamento e na qualidade de vida das cidades europeias que tanto admiramos. A leitura do artigo O ônus do crescimento urbano por espraiamento geográfico deveria ser obrigatória para todos: políticos, empreendedores, agentes públicos
e privados, arquitetos, urbanistas, planejadores, economistas, empresários e cidadãos.
O grande
problema é que, na grande maioria das vezes,uma vontade política fraca cede aos fortíssimos
interesses pessoais e de grupos. Sinceramente, não sei se haverá vencedores
nessa guerra... Por enquanto, somos todos perdedores.
Concordo , Anita. Bjs
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