Melancholy. Albert Gyorgi. Imagem: Divulgação |
A arte não precisa falar. Apenas por existir já provoca reações e desnuda aquele que observa. Este pode disfarçar, tentar esconder seus sentimentos e pensamentos mais obscuros e sombrios, mas a reação diante de uma obra de arte escancara o oculto. A arte expõe o observador, quem ele é, como pensa e do que é feito, de fato. Por outro lado, em cada criação, o artista revela o que lhe vai na alma. É inexorável.
Esta foto, por exemplo. Muitos veem nela a representação do vazio da alma, símbolo da falta de fé em algo maior, da falta de Deus. Outros, solidão, ausência, abandono ou um grito mudo de socorro. Outros ainda, apenas a beleza da técnica. Para seu escultor, a obra simplesmente traduzia a dor da perda.
De forma quase discreta, mas forte e comovente, a escultura denominada Melancholy situa-se às margens do Lac Léman, o chamado Lago Genebra, na Suíça. Fundida em bronze a partir de uma liga desenvolvida pelo próprio escultor, retrata uma figura sentada, voltada sobre si mesmo, de cabeça baixa, como se estivesse sob um peso avassalador.
Fruto de grande esforço mental e emocional, como todas as suas peças, Melancholy, de 2012, foi a forma
encontrada pelo escultor
romeno Albert Gyorgy (1949), hoje residente na Suíça, para lidar com a perda da primeira esposa. Sua
obra forte e abstrata surge da necessidade visceral de se expressar. Sofrimento e
ventura se misturam. A pátina da oxidação e o brilho do polimento
também. Ao se mesclarem, passado e presente moldam o agora. A obra revela o abstrato e materializa o sentimento, como se a forma física amenizasse a tristeza e o vazio da perda.
Divulgada no Face Book, a foto da obra teve milhares de compartilhamentos, mensagens demonstrando conforto e gratidão daqueles que nela identificaram uma perfeita expressão do incomensurável vazio interno que sentiam por perdas semelhantes de tantos outros seres, entes queridos, amigos, amores. Ao vê-la, sentiam-se compreendidos, representados, aliviados em sua dor.
Sim, a obra acima é a prova concreta de que a arte toca e liberta, mas confesso que, neste momento de tantas mortes no Brasil e no mundo, causadas pela Covid-19, a escultura me toca profundamente, mas não me sinto aliviada. No entanto, a esperança me diz que o futuro trará muitas outras obras impactantes retratando os sentimentos dos tempos atuais. A arte também é memória e história. Aguardemos...
Esta foto, por exemplo. Muitos veem nela a representação do vazio da alma, símbolo da falta de fé em algo maior, da falta de Deus. Outros, solidão, ausência, abandono ou um grito mudo de socorro. Outros ainda, apenas a beleza da técnica. Para seu escultor, a obra simplesmente traduzia a dor da perda.
De forma quase discreta, mas forte e comovente, a escultura denominada Melancholy situa-se às margens do Lac Léman, o chamado Lago Genebra, na Suíça. Fundida em bronze a partir de uma liga desenvolvida pelo próprio escultor, retrata uma figura sentada, voltada sobre si mesmo, de cabeça baixa, como se estivesse sob um peso avassalador.
Criador e criatura. Imagem:https://wooarts.com/albert-gyorgy/nggallery |
Divulgada no Face Book, a foto da obra teve milhares de compartilhamentos, mensagens demonstrando conforto e gratidão daqueles que nela identificaram uma perfeita expressão do incomensurável vazio interno que sentiam por perdas semelhantes de tantos outros seres, entes queridos, amigos, amores. Ao vê-la, sentiam-se compreendidos, representados, aliviados em sua dor.
Sim, a obra acima é a prova concreta de que a arte toca e liberta, mas confesso que, neste momento de tantas mortes no Brasil e no mundo, causadas pela Covid-19, a escultura me toca profundamente, mas não me sinto aliviada. No entanto, a esperança me diz que o futuro trará muitas outras obras impactantes retratando os sentimentos dos tempos atuais. A arte também é memória e história. Aguardemos...
has developed a
personal alloy of copper and tin which makes it possible to obtain a
bronze that is both supple and solid, creating astonishing shades of the
patina when it is oxidized, and of a brilliant color when he is polite.
► https://wooarts.com/albert-gyorgy/
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patina when it is oxidized, and of a brilliant color when he is polite.
► https://wooarts.com/albert-gyorgy/
Referências
https://wooarts.com/albert-gyorgy/
https://wooarts.com/albert-gyorgy/
Belo texto.
ResponderExcluirQue bonito, embora triste.
ResponderExcluirOi querida, bonita mesmo, né? Eu me lembrei muito de você quando vi a escultura... beijos
ExcluirObrigada, a obra merece! Mas não se esqueça de deixar seu nome. Abraço
ResponderExcluirBelo obra e belo texto...🌼🍃
ResponderExcluirAnita, seus textos são adoráveis. E sempre me provocam reflexões. Muito obrigada! Um beijo, Silvia.
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