sexta-feira, 1 de maio de 2020

Ecos Humanos | Utopia e autoestima


Lugares imaginários sempre existiram na mente dos escritores, poetas e artistas. A "Pasárgada" de Manuel Bandeira é real na imaginação de quantos entenderam o pensamento de seu autor. O mesmo acontece com "Utopia", a ilha de Thomas Morus. Porém, nosso mundo é o que é, com suas mazelas e encantos e, no mais das vezes, traduzindo uma intensa distopia. Fugir da realidade não adianta, não nos enriquece como seres humanos, não nos fortalece e tampouco nos acalma. É aqui que temos que crescer e ajudar a crescer, fazendo a nossa parte, porque o ser humano não nasceu para ser sozinho. Somos seres gregários e, parafraseando o lúcido Carlito Maia, não precisamos de muita coisa, só precisamos uns dos outros. Um mundo solidário é um mundo melhor, por isso, é preciso, desde sempre, fortalecer o caráter, a resiliência, a autoestima e a solidariedade. 

Educar as crianças para terem uma boa autoestima é fundamental já que isso influencia todas as fases da vida. Autoestima implica conhecer-se, aceitar-se, reconhecer e corrigir os próprios erros e procurar colocar-se  no lugar do outro... Pressupõe também comemorar as pequenas vitórias alcançadas, porque sem autoconhecimento honesto, sem percepção e enfrentamento do erro, não há progresso, só estagnação.
Pais e a escola são fundamentais nesse processo. A primeira (e vital) comunidade da criança é a família. É aí que ela começa a aprender a gostar de si mesma. Depois, a família ampliada, a escola, crucial no processo de aprendizagem e socialização; depois o grupo de adolescentes que tem forte impacto na vida do jovem, o que não é ruim desde que a estrutura familiar dele seja firme e sólida. Com o tempo, vêm as novas relações sociais e profissionais, mas nada supera o peso da ação familiar na primeira infância e da escola. Ambas podem e devem fazer a criança acreditar que, se tiver as oportunidades para se desenvolver, ela pode ser e alcançar o que quiser. Porém, não se trata de meritocracia e, sim, de oportunidades iguais para todos. O aprendizado se dá com fracassos e sucessos, mas é preciso respeitar o tempo individual de cada um. Com boa autoestima, o indivíduo sabe que vai chegar lá, que é um projeto em andamento, como diz o filósofo Mário Sérgio Cortella em seu livro “Não nascemos prontos".

http://mundodapsi.com/afinal-o-que-e-autoestima/
Por isso, é importante que, desde cedo, a criança aprenda a voltar-se para dentro para descobrir o que carrega no coração. Orientá-la nesse caminho é crucial, porque é preciso treino e persistência para descobrir a verdade íntima e a autoestima. Uma das formas é o yoga para crianças, que proporciona aos pequenos um tempo necessário para se perceber, observar a respiração, os sons e os sentimentos. Um tempo para se ver. Através de historinhas, fábulas e movimentos, as crianças aprendem virtudes e valores  éticos para uma convivência harmoniosa e saudável em sociedade. Assim, pouco a pouco, ela aprende a parar, perceber-se e perceber o outro, com respeito e empatia (ler Yoga para crianças).


Insanidade é  continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.
- Albert Einstein 

Assim, aos poucos, a criança vai se descobrindo, aprendendo a confiar em si, desenvolvendo a autoestima, crescendo e ocupando espaços, sem medo e sem antagonismos. Então, o milagre acontece. O indivíduo que aprende a se relacionar consigo mesmo  com compaixão, respeito e amor, é capaz de ver o outro da mesma forma. É mais compassivo e flexível, compreendendo que cada um é expressão única e insubstituível do sagrado. Como se o sagrado estivesse estilhaçado em mil pedaços e cada um segurasse um fragmento. Basta acessá-lo, porque, como dizem os textos sagrados das várias tradições, não somos sozinhos e não crescemos sozinhos. Estamos todos interligados como os fios de um grande e único tecido. SOMOS UM!

Referências:
https://cmcmceducacao.blogs.sapo.pt/pensamento-de-paulo-freire-10-2597
https://www.infoescola.com/psicologia/auto-estima/

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