É cada vez mais evidente que está em crise o modelo individualista, autodestrutivo e consumista ao extremo que adotamos como sociedade. Não há como negar. Há muito tempo, espiritualistas, intelectuais, sociólogos, filósofos, antropólogos, geógrafos e ambientalistas vêm alertando as sociedades. No Brasil, o sociólogo e ativista Herbert José de Sousa (Bocaiúva, MG, 1935–Rio, 1997), o inconfundível Betinho, sempre defendeu os direitos humanos, criou o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE), concebeu e dedicou-se ao programa Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida (1993). Dizia que “o desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil, empresários e governos afirmarem cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade”.
Parece que estamos cada vez mais distantes desse modelo de desenvolvimento. Basta sair da bolha em que nos recolhemos e olhar ao redor. É aí que entra a noção de Ecologia Humana defendida por todos aqueles que, ao longo da história, viram e veem as diferentes raças como uma só humanidade, compartilhando um único planeta. Daí a necessidade inadiável de nos entendermos como habitantes do mesmo lar. Se arruinarmos a casa que nos abriga, seremos extintos.
Esse também é, desde sempre, o mote do do teólogo, filósofo, escritor e professor Leonardo Boff quando fala de política como prática de ternura e gentileza, como um cuidar de todos, conceito que já mencionei aqui no blog Anita Plural ao falar de Rubem Alves, políticos e jardins.
É ainda o tema da encíclica Laudato Si (Sobre o cuidado da Casa Comum), do Papa Francisco, um apelo a uma radical conversão ecológica e a um consumo sóbrio e equilibrado. Também é o tema de sua encíclica mais recente, Fratelli Tutti (Todos irmãos), recém-lançada e assinada em 03 de outubro de 2020, sobre o túmulo de Francisco de Assis. Nela o papa destaca o grande mal dos nossos tempos, o vírus do individualismo. O fio condutor da nova carta papal é "salvemo-nos todos, ou ninguém se salvará". Em sua ampla visão, Gandhi já havia alertado que a Terra é suficiente para satisfazer a necessidade de muitos, mas insuficiente para a ganância de poucos.
Já deveríamos ter aprendido a observar a natureza. Ela
nos ensina que sua lei básica, assim como a vida, fala de cooperação, interdependência, soma e inclusão, não de exclusão e segregação. Mesmo distantes, as próprias árvores, nutrem-se umas às outras, por meio de suas raízes. Somos
todos interdependentes e vivemos em uma rede, uma imensa teia de relação. Só
nos resta integrar-nos a ela por meio da cooperação mútua, em prol do interesse coletivo. Em tempos de pandemias e de medo, em tempos de desesperança e desânimo, mais do
que nunca é necessário exercer a solidariedade e a empatia, nunca a violência e a exclusão. Talvez, ainda
tenhamos tempo de criar uma nova sociedade baseada em valores colaborativos. Há
esperança; e a esperança associada à ação move o mundo...
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/588863-ecologia-em-fragmentos-as-partes-no-todo-artigo-de-leonardo-boff
https://leonardoboff.org/category/ecologia/
Muito bom. Vários setores sociais vão convergindo para o foco da relação homem-natureza.
ResponderExcluirÓtimo Anitinha! Como seria bom se o homem e a Natureza convivessem em harmonia.Bebel
ResponderExcluirSim, Anita, o caminho a ser tomado pela coletividade é esse, da solidariedade. Como você diz, é evitar a tempo estragos maiores e inexoráveis no meio ambiente. A natureza, tudo o que temos nesta "casa". Aliás, sempre sinto estranhamento, porque, se não me engano, (não estou com o livro aqui), Caio Prado Júnior escreveu que, até o século XVII, a palavra "natureza" trazia à mente das pessoas o firmamento, o céu estrelado. Depois é que mudou.
ResponderExcluirAbraços
Sim, mas até hoje, para muita gente que não se conscientizou que a natureza somos nós... cuidar dela é cuidar de todos nós, beijos e obrigada por estar sempre por aqui
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