Desde criança gosto de mitologia. A culpa é de Monteiro Lobato, em seus dois volumes de “Os doze trabalhos de Hércules”, que despertou meu interesse pelo estudo dos mitos e pelos deuses humanos, demasiadamente humanos, como disse o filósofo alemão Nietzsche. E, por falar em Nietzsche, também sempre gostei de filosofia (amor à sabedoria, ao conhecimento), tanto é que, era aluna assídua nas aulas de filosofia no Ensino Médio e, depois de formada em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP, prestei vestibular para Filosofia, na mesma universidade. Mas em razão de atividades profissionais, só consegui cursar algumas matérias, todas com rico conteúdo e boas discussões, sobretudo as aulas com a grande mestra, filósofa e pensadora Marilena Chauí, por exemplo, sobre Baruch Espinoza.
O Pensador (1904). Escultura em bronze. Auguste Rodin, Museu Rodin, Paris. |
Aliás, observar o que vem ocorrendo no nosso país (e no mundo) só confirma por que defendo a volta urgente do ensino de filosofia nas escolas, de onde nunca deveria ter saído. Ao contrário, deve ser incentivado e aplicado cada vez mais cedo, das séries básicas aos cursos superiores. A filosofia ensina a pensar, a relacionar e analisar fatos, ideias, conteúdos e valores e, assim, criar argumentos consistentes para o indivíduo se libertar de generalizações e repetições mecânicas.
O
pensamento filosófico está onde sempre esteve: na base da nossa capacidade de refletir. Contudo, o desenvolvimento do processo do pensar e do saber filosófico
leva tempo. Não é um processo automático, rápido e tampouco acontece num
passe de mágica. É preciso calma e tempo para pensar, compreender, analisar,
comparar, refletir, sintetizar, chegar a uma conclusão e formar um pensamento próprio,
uma ideia embasada.
Domenico de Masi. Divulgação |
O conhecimento, portanto, é um processo único de libertação que só se dá ao longo do tempo. Por isso, quando me perguntam por que defendo a volta da filosofia nos currículos escolares, minha resposta é simples: porque só a filosofia nos torna livres para pensar criticamente. E isso não tem preço!
Referências: