Foto: Anita Di Marco, num inverno qualquer. |
Tirei a foto ao lado numa manhã gelada de inverno. Linda, né? Essa era a vista que tinha do meu escritório até o dia que resolveram cortar o lindo guapuruvu e a espatódea, alegando...o que mesmo? Não importa. Meu coração doeu... Parece um ato isolado, mas não é. Anos depois, a epidemia de Covid-19, causada pelo surgimento e disseminação do coronavírus (SARSCOV 2), escancarou não só a poluição ambiental mundial, a desigualdade social e a importância vital da natureza, da ciência, da educação e do Sistema Único de Saúde-SUS (no caso brasileiro), mas também os danos causados ao planeta Terra pelo comportamento humano. A humanidade sempre viveu como se os recursos naturais fossem inesgotáveis ou como se a natureza atrapalhasse seus planos. Embora o isolamento inicial tenha diminuído a poluição na Terra, no ar e na água, ainda vai levar muito tempo para melhorar de fato esses índices, o que exigirá profundas e estruturais mudanças.
No início da pandemia, ingenuamente, eu acreditava (acho que como muitos) que o mundo consumista sentiria o choque e sairia melhor desse momento, com mais empatia, mais generosidade, mais conhecimento. Hoje não tenho essa certeza. O choque parece ter sido apenas momentâneo. Parece que não aprendemos nada, ou quase nada, e desprezamos a sabedoria de quem sempre entendeu seu papel no ciclo da vida e soube cuidar da mãe Terra – os guardiães de ensinamentos ancestrais, os povos indígenas, os ambientalistas. No entanto, sem pensar no que semeamos, nós nos assustamos quando vemos as consequências das nossas ações: aquecimento global, enchentes, secas, incêndios, furacões, terremotos, deslizamentos de terra, tempestades de neve e granizo, doenças, grandes amplitudes térmicas afetando a saúde, porque o corpo não consegue se adaptar a essa mudança brusca da temperatura...
O Planeta Terra grita, nós choramos, mas não assumimos nosso papel e nossa culpa. Talvez algo ainda possa ser recuperado ou interrompido, mas para isso é vital repensar a nossa relação com os outros, com as demais formas de vida e com o meio ambiente. É imperioso mudar nosso estilo de vida e de desenvolvimento econômico.
Se mudarmos o modo como pensamos sobre edifícios, talvez o que construímos possa mudar o mundo. Dr. Prem Jain (1936-2018), professor da Faculdade de Arquitetura e Planejamento de Nova Dheli, por 43 anos, pai do movimento de construção sustentável na Índia.
Dados recentes da ONU indicam que as cidades são responsáveis por 75% das emissões globais de CO2 e pelo aquecimento global. A partir da consciência despertada por esses números e pela pandemia, talvez nossas escolhas presentes e futuras possam ter impacto real no meio ambiente. Desde atitudes simples, e há tempos divulgadas, como economizar água, separar o lixo orgânico do reciclável ao uso dos recursos naturais para garantir melhor qualidade e conforto das edificações e, consequentemente, das cidades. Como? Com a correta implantação do imóvel no lote, aproveitando a melhor insolação, os ventos dominantes, aumentando a arborização e as áreas públicas, criando mais praças e jardins, impermeabilizando menos o solo, escolhendo materiais adequados, priorizando a mobilidade, o transporte público e as ciclovias para reduzir a poluição, os congestionamentos e por aí vai.
A lista é grande, mas não é nova. Trata-se de aprendizado básico dos cursos de arquitetura e urbanismo, engenharia, meio ambiente, ciências da terra e similares que deveria ser devidamente valorizado e aplicado (e nem sempre é), na construção de imóveis e espaços públicos com mais qualidade, mais conforto térmico, mais sustentabilidade, menos desperdício e menor custo, tendo em vista as cidades como um todo. Tudo isso diminuiria as ilhas de calor urbano e melhoraria a qualidade dos espaços e das cidades.
Áreas marginalizadas e muito adensadas, porém, sofrem mais pelas próprias condições, sem essas noções básicas para criar melhores edificações ou espaços públicos mais definidos, quando existem. É preciso atuar no todo e no pontual, ao mesmo tempo. Só assim é possível melhorar nossa ação no meio ambiente e recuperar (ou ao menos não piorar) a situação do planeta com nossa ação diária.
Grécia. https://territoriosecreto.com.br/tinta-ultra-branca |
Uma última dica em relação à internet. Vocês já ouviram falar do Ecosia Fundado em 2009 pelo alemão Christian Kroll, o Ecosia é um mecanismo de busca que já viabilizou o plantio de 82 milhões de árvores, numa super dedicação ao meio ambiente, combinando plantio de árvores e produção de alimentos, além de gerar emprego e renda para as comunidades locais. É também uma escolha possível.
Referência:
https://nossofoco.eco.br/construa-sustentabilidade/tinta-branca-pode-reduzir-a-necessidade-de-ar-condicionado/
https://premjain.in/index.html
https://www.archdaily.com.br/br/793802/materiais-inovadores-para-construcoes-sustentaveis
https://www.pensamentoverde.com.br/arquitetura-verde/confira-sao-materiais-alternativos-utilizados-construcao-civil/
https://www.ecosia.org/
Anita, excelente texto!!!! Parabéns
ResponderExcluirAnita, parabéns pelo excelente texto!!!!!
ResponderExcluirObrigada, Aruam. Muito bem-vindo nos comentários. Abraços...
ExcluirExcelente texto como sempre Anita! Precisamos urgente pensar em soluções. Você conhece o livro A Casa Inteligente de Gustavo Cerbasi? É uma casa que ele construiu totalmente autossuficiente.. Queria muito fazer isso aqui em casa, mas fica muito caro também.. Seguimos pensando em soluções.. Beijos
ResponderExcluirSim, já ouvi falar dele. Ele tem uma proposta de sustentabilidade, em resumo de que menos é mais. Mas ele tinha dinheiro para fazer isso, né? Bom exemplo, mas quanto mais utilizadas, mais alcance terão esses sistemas, né? Não desista... Beijos e obrigada por comentar.
ExcluirAdoro lê seus textos, muito sábia, inteligente e sabe colocar as coisas com clareza. Estou sempre me aprimorando com suas informação. Sinta abraçada .
ResponderExcluirObrigada, mas deixe seu nome da próxima vez. Abraços também!
ExcluirMuito bom seu texto Anitinha!Acho que existe soluções, basta o homem se conscientizar. Bebel
ResponderExcluirÓtimo texto, Anita!
ResponderExcluirElegante e necessário. Sim, as árvores e as superfícies brancas já seriam um grande passo.
E o aumento da consciência.
Também isso que você fala sobre pessoas menos afortunadas - bem menos,,, - vivendo pior. Falta, de começo, a arborização, em todo lugar possível.
E, pena, creio que, não, as pessoas não apredem quase nada. Só os sábios aprendem alguma coisa.
Grande abraço e façamos nossa parte: preservação; prevenção; etc.