quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Ecos Literários | Catando Lindezas

Foto: Anita Di Marco

Há alguns dias, recebi, do amigo Carlos Sá, de Brasília, o texto abaixo, só com o nome da autora. Não trazia mais nenhuma referência. Como não publico nada sem dar os devidos créditos , fui pesquisar e descobri que autora é Rita Maidana,  uma gaúcha apaixonada pela vida, pelos carnavais, pela poesia, pelas palavras e autora dos livros Escrevinhadeira e Tempo de esperança

Parece até covardia - mais uma gaúcha, só mais uma, como Marta Medeiros, Lia Luft, Letícia Wierchowzki...isso sem falar em Érico Veríssimo, Moacir Scliar, Mário Quintana, ou no sotaque de lá, pelo qual sou apaixonada... Bah! Valha-me, meu nosso senhor do Bonfim...

Mas, pra saber mais sobre essa gaúcha, vale a pena ler a entrevista feita por Rita Procópio no site Olho Vivo. O texto Catando Lindezas, reproduzido abaixo, foi também musicado pelos músicos Gabriel Alencar e Thais Trevisol. Espero que sintam a poesia, a singeleza e a beleza do texto e inspirem-se nas palavras e nas imagens como eu me inspirei e quis compartilhar...

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Eu venho de lá onde o bem é maior. De onde a maldade seca, não brota. De onde é sol mesmo em dia de chuva e chuva chega como bênção. Lá sempre tem uma casa, um abrigo para proteger do vento e das tempestades.
Eu venho de um lugar que tem cheiro de mato, água de rio logo ali e passarinho em todas as estações. Eu venho de um lugar em que se divide o pão, se divide a dor e se multiplica o amor.

Eu venho de um lugar onde quem parte fica para sempre, porque só deixou boas lembranças. Eu venho de um lugar onde criança é anjo, jovem é esperança, e os mais velhos são confiança e sabedoria.

Eu venho de um lugar onde irmão é laço de amor e amigo é sempre abraço. Onde lar acolhe para sempre como o coração de mãe.

Eu venho de um lugar que é luz mesmo em noite escura. Que é paz, fé e carinho. Eu venho de lá, e não estou sozinha, “sou catadora de lindezas”, sobrevivo de encantamento, me alimento do que é bom, do bem.

Procuro bonitezas e bem querer, sobrevivo do que tem clareza e só busco o que aprendi a gostar, não esqueço de onde venho e vou sempre querendo voltar. Meu lugar se sustenta do bem que encontro pelo caminho, junto a maços de alfazema e alecrim.

Ah ! sim, sou como passarinho carregando a bagagem de bondade, catando gravetos de cheiro, para esquentar e sustentar o ninho...

Talvez a vida tenha feito você acreditar que este lugar não existe. Te digo, tem sim, é fácil encontrar. Silencie, respire, desarme-se, perceba, é pertinho. Este lugar pulsa amor, é dentro da gente, é essência, está em cada um de nós. Basta a gente querer e buscar.

Rita Maidana, escrevinhadeira https://ritamaidana.blogspot.com/ | @escrevinhadeira | @rita_maidana

Referências

https://www.olhovivoca.com.br/entrevistas/8798/rita-maidana-poeta-e-carnavalesca-a-distribuidora-de-lindezas/

8 comentários:

  1. Meu Deus que "Lindeza"! Também quero catar.

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  2. eu também vivo catando bonitezas por ai. Venha de onde vier, se eu gosto, eu compartilho. Uma das coisas boas da internet.
    abs.
    Carlos SA

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    1. Eu sei, meu amigo, por isso ando catando lindezas também...

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  3. Anita, texto emocionante, ser caçadora de lindezas é uma forma de olhar e a vida enfeitar.Tira-lhe o peso, vira pelo avesso.

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  4. Lindo!
    Que delicadeza de olhar!
    Obrigada!!!

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