terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Ecos Literários | Saber ver de novo

Foto: Anita Di Marco
O olhar acostumado, a forma de olhar, a educação do olhar, o olhar do poeta, o olhar do místico, do menino, da criança, do velho. Tudo isso já foi tema de minhas crônicas aqui no blog Anita Plural. Retomo agora algumas falas sobre o olhar:
Para Rubem Alves o ato de ver não é natural, precisa ser aprendido e a primeira função do educador é ensinar a ver. Por isso, diz ele, temos que desenvolver olhos de poeta, porque os poetas ensinam a ver. 
Alberto Caieiro diz que aprendeu a olhar com um menino que caiu do céu: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas..."  
O amigo Frederico Azze fala da necessidade de educar o olhar, para ver tudo com olhos de encantamento. Ou seja, de novo e sempre, o segredo dos poetas não está no que é observado, mas no olhar que observa.

Foto: Vanessa CTReis
O olhar também foi título da exposição de fotos que Vanessa CTReis e eu fizemos em maio 2011, por ocasião da reabertura do Teatro Capitólio: O que não se percebe: um novo olhar sobre o teatro Capitólio... e sobre a cidade. Afinal, a cidade, nossa casa maior e o cenário onde a vida humana se desenrola, é configurada pelos espaços públicos e edificações que emolduram a vida cotidiana. Memórias, lembranças e fatos estão associados a algum lugar e nem sempre, essa associação é consciente. Mas vivemos como se flutuássemos, como se não percebêssemos o mundo físico e real à nossa volta. É aí que espaço, tempo e ação se misturam. Não mais percebemos os detalhes. E, sobretudo, em tempos de distopia, o modo de olhar, o saber ver, faz toda a diferença.  
 

Na mesma época, tínhamos outro sonho, um projeto que agora, dez anos depois, virou realidade pelas mãos da editora carioca Rio Books. Acaba de ser publicado o livro Saber ver: Teatro Capitólio, patrimônio cultural. A publicação vem resgatar e registrar um capítulo da história desse belo edifício e da cidade, ou seja, a nossa história.

      [...] Então, arquitetura e fotografia deram-se as mãos para apostar na         transformação do olhar a partir da releitura do edifício[...]. Um circuito         que liga objeto arquitetônico, olhar, memória e cidade. (Do texto de               abertura da exposição). 

Além da editora da Rio Books (Denise Corrêa), da amiga e arquiteta Ruth Verde Zein (que fez a apresentação do livro) e das autoras, o lançamento (virtual) reuniu amigos de vários cantos e áreas: artistas, professores, músicos, historiadores, tradutores e arquitetos. Foi muito especial! 

Vida longa ao Teatro Capitólio de Varginha! Que novos olhares surjam abertos, afetuosos e inclusivos para que as nossas cidades sejam realmente mais justas, seguras, acolhedoras e democráticas.

Livro: Saber Ver: Teatro Capitólio, patrimônio cultural. Fotografia autoral.
Anita Di Marco e Vanessa CTReis. Rio de Janeiro: Rio Books, 2021.
https://www.riobooks.com.br/

11 comentários:

  1. Que lindo Anita você é a Vanessa sao espertas inteligente adorei parabéns

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    1. Obrigada, Maria Rita, a cidade e de todos, né? Temos, todos nós, de cuidar dela ...abs

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  2. Parabéns às autoras!!! Muito orgulho de você, Anita!!

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    1. Obrigada, querida, a recíproca é verdadeira. Não desapareça! Bjs

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  3. Olhar com pressa algo é como ler e não entender nada do que foi escrito. O fato é que vivemos tempos de pressa. Geralmente pra depois cair no vazio e no futil que o mundo esta virando.
    Belo texto que nos da um toque precioso.
    bjs.
    Carlos SA

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  4. Olhos de encantamento são olhos da alma. Alma que transborda o nosso eu

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  5. Boa tarde, Anita, parabéns pelo lançamento. A você e aos seus, um Natal muito feliz. Grande abraço!...

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    1. Muito obrigada, Marta. Você sabe como se batalha nessa área. Não? Feliz Natal e um grande abraço!

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  6. Com certeza, Anita, seu olhar é muito especial! Parabéns!!!

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  7. Parabéns para vocês! O lance do ver e olhar é algo em que sempre penso...

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  8. Puxa vida!!!!!! Parabéns à você e todos que participaram desse projeto. Gratidão pela generosidade do olhar. É disso que precisamos e que está tão em falta nos dias de hoje.

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