sábado, 25 de junho de 2022

Ecos Urbanos | As cidades e seus rios

  Rio Tejo, em raro momento de solidão. Lisboa. Anita Di Marco
Rios urbanos vivos, limpos, com áreas de lazer, turismo e recreio para sua população, são joias inestimáveis para o meio ambiente e para a qualidade de vida de qualquer cidade. Não há quem não admire e reconheça a importância e o papel social de rios como o  Tâmisa (Londres), cujo processo de despoluição foi um dos mais famosos e longos da história; o Sena (Paris); os Tejo e Douro (Portugal); o Reno (correndo em vários países na Europa); os italianos Tibre (Roma), Arno (Florença) e Pó (Norte); o Danúbio (Viena); o Amstel (Amsterdam); o Isar (Munique); os espanhóis Segura (Múrcia), Manzanares (Madri) e Guadalquivir (Sevilha); o Tâmisa de Ontário (Canadá); o Cuyahoga e outros (Estados Unidos); os canais de Copenhagen, só para citar alguns.  
 
A maior parte dos longos trabalhos de recuperação teve início na segunda metade do século 20, com esforços esparsos anteriores.
Felizmente, as cidades vêm percebendo que cursos d’água devem fazer parte ativa da paisagem: criam ambientes agradáveis para permanência, contemplação, atividade física, lazer ou mesmo navegação, mitigam ilhas de calor, diminuem a ocorrência de inundações, permitem o reaparecimento da flora e da fauna e revitalizam comunidades inteiras, como é o caso do rio Cheonggyecheon, em Seul (Coreia do Sul). E mais, democratizam o lazer, como as praias. 
 
Rio Cheonggyecheon, Coreia do Sul, revitalizado em tempo recorde. Imagem: Divulgação
 
Mas além da despoluição de grandes rios, muitos córregos e riachos hoje canalizados também vêm sendo recuperados. É o caso do córrego Bièvre, em Paris. De um oásis urbano e regato de águas milagrosas, segundo Victor Hugo, passou à categoria de córrego prejudicial à saúde; depois, foi enterrado e, em 1912, apagado da paisagem parisiense. A partir da proposta de “desenterrar” o Bièvre para integrar cidade e natureza, o antigo córrego esquecido começou a renascer em pleno século 21.
 
Rio Sena, Paris. Divulgação.
Córregos e riachos também foram “desenterrados” em Zurique na Suíça, em Auckland na Nova Zelândia e em Sheffield na Inglaterra. Madri, Nova York e Manchester são outras cidades que têm projetos (em andamento ou não) para recuperar seus rios parcial ou totalmente canalizados.
Bom, a União europeia dá uma ajudinha quando exige que seus membros tratem seus rios. Beleza, não? O fato é que muitas cidades conseguiram transformar seus cursos d'água, antes verdadeiros canais de esgoto humano e industrial, em belos cartões-postais e pontos de lazer. 
 

Outro exemplo emblemático foi a renaturalização (recuperação das condições naturais originais, ou seja, antes da urbanização) do rio Emscher, em Essen, na Alemanha. O Emscher era um dos mais poluídos rios alemães, carregando detritos, resíduos industriais e de esgoto, mas após a recuperação de suas margens, dotadas de áreas de lazer, mobilidade e intervenções culturais, a cidade de Essen foi considerada, em 2017, a Capital Verde da Europa.  Hoje, os maiores desafios talvez sejam despoluir os rios Ganges [na Índia], o Matanza-Riachuelo, em Buenos Aires, ou o Tietê, em São Paulo, além de outros rios nacionais. É bom que se diga que este é um trabalho vital para as cidades e para o planeta, porque água limpa é fonte de vida.

Referências

 https://www.timeout.com/climate-action/how-cities-lost-rivers-are-being-revived?   

https://www.sheafportertrust.org/projects

https://www.archdaily.com.br/br/01-168964/oito-exemplos-de-que-e-possivel-despoluir-os-rios-urbanos 

https://manuelzao.ufmg.br/revitalizacao-de-rios-pratica-possivel-e-urgente/

https://www.aecweb.com.br/revista/materias/despoluicao-dos-rios-e-muito-mais-do-que-apenas-retirar-a-sujeira/16522  

https://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/24/politica/1429906151_657696.html

12 comentários:

  1. Maravilhoso seu blog, Anita! Quantas informações descritas de uma forma tão prazerosa de ler!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada, querida.... Anita Plural é meu nome, hahahahha, beijos

      Excluir
  2. Amo o meu Rio Verde. Passagem pela cidade na qual plantei meu coração! Que ele permaneça da cor da esperança sem se contaminar pela ambição.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tantos rios, tanto a preservar, tanto a cuidar......tanto a proteger....é hora de acordar para o que estão fazendo, né? Abs

      Excluir
  3. Muito bom Anitinha! Leitura boa mesmo e informativa.Aqui,em Curitiba tem o rio Belém que corta um bom pedaço da cidade.
    Também amo o Rio Verde.

    ResponderExcluir
  4. Muito bom Anita, a importância de tratarmos os rios, as cidades e o planeta com a dignidade que devemos tratar nossos corpos tem que ser condição principal para a nossa vida. Como sempre nos fazendo pensar, obrigado.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é, Celso? Questão de bom senso, obrigada pelo comentário.... abraços

      Excluir
  5. Fiquei a admirar o rio Sena e me vir a sonhar acordara com o Tiete e a época em que ele era limpo! Que utopia ver o Tiete como ponto turísticos de São Paulo! Será somente utopia ou podemos sonhar com um acontecimento assim?

    ResponderExcluir
  6. Assunto importante e sempre de urgência...
    Sim. Conheci um senhor que nasceu e foi criado num cortiço, em frente ao Cemitério do Araçá. Ele contava que, aos domingos, as famílias operárias desciam para as margens do R. Pinheiros e faziam deliciosos piqueniques, ou convescotes. E ainda podiam nadar nas águas limpas. Parece brincadeira!
    Abs, Anita, lindo texto sobre os rios ressuscitados. Quero ter esperança.

    ResponderExcluir