quarta-feira, 29 de junho de 2022

Ecos Culturais | Mostra Oneyda Alvarenga na décima montagem

Foto: CEFET-MG. Varginha. Divulgação
Cartas estão em alta. Que bom! 
Sempre houve livros trazendo a correspondência entre amigos, amores, poetas e seus discípulos, autores e seus tradutores, escritores e aspirantes ao título, entre outros. Exemplos bem conhecidos são os livros com as cartas entre: Guimarães Rosa e seus tradutores do inglês, do italiano, do alemão...; o poeta e escritor alemão Rainer Maria Rilke e um aspirante a poeta, o sr. Kappus; Freud e sua filha Anna, Freud e Lou Salomé, Freud e Jung; Van Gogh e o irmão Theo;  W. Benjamin e T. Adorno; Darcy Ribeiro e sua companheira Berta;   Machado de Assis e Joaquim Nabuco; Monteiro Lobato e Godofredo Rangel; Clarice Lispector a vários escritores e amigos; Mário de Andrade e Tarsila; Mário de Andrade e Oneyda Alvarenga  e muito mais. Mais recentemente, vimos livros com cartas de mães a Chico Xavier, cartas aos mortos, aos pais, aos avós, a Lula (escritas no período de 580 dias em que o ex-presidente esteve na PF de Curitiba), a Gilberto Gil, na comemoração dos 80 anos do cantor e a lista continua.

Assim, vemos que a exposição sobre Oneyda Alvarenga acertou em cheio quando propôs aos visitantes, em 2015, a atividade lúdica, individual e voluntária de escrever cartas a Oneyda Alvarenga. Para quem não se lembra, além dos banners com textos, fotos e informações sobre a vida da etnóloga varginhense, discípula de Mário de Andrade e diretora da Discoteca Municipal de São Paulo, as curadoras deixaram à mostra folhas de papel, canetas e uma caixa para colocar as possíveis cartas dos visitantes à Oneyda.

Só podemos aplaudir tantas delas aparecendo por aí. Ponto para as cartas, bem mais elaboradas e temperadas com emoção do que um simples e-mail ou mensagem. Ponto para a escrita da língua culta, diferente da linguagem informal das redes sociais e ponto para aqueles que incentivam e são o gatilho dessas ações. Ponto, novamente, para o CEFET-Varginha que, depois de montar a exposição Oneyda Alvarenga & Eu. Seu tempo, sua busca, sua obra, em 2018, por ocasião do seu VII Festival de Arte e Cultura, fará mais duas montagens da mostra. Com as duas propostas pelo CEFET-Varginha, a mostra completará dez montagens diferentes, porque o material básico é montado sempre de acordo com o espaço que a acolhe.

Imagem: CEFET-MG, Varginha. Divulgação

Oneyda Alvarenga & Eu. Seu tempo, sua busca, sua obra’ é a exposição inaugural do “Projeto|Nômades: Circuito Cultural de Exposições Ela, Ele & Eu”, cujo objetivo é divulgar o trabalho e a vida de personagens-chave de nossa história, promovendo atividades de formação e o resgate cultural do cidadão. O propósito extra é incitar o observador, o “eu” do título, a assumir seu papel essencial no projeto: a partir da mostra, refletir, repensar e construir (ou alterar) sua própria linha do tempo, despertar o prazer pelo aprendizado, pelo exercício da cidadania, pelo pensamento crítico e pela atitude de inserir o novo e o diferente em seu cotidiano. Sem que o observador questione sua própria atuação na construção da sociedade, não alcançaremos um dos objetivos principais do projeto. 

Seria desnecessário falar ainda hoje de Oneyda Alvarenga (1911-1984), essa figura indissociável da de Mário de Andrade, de quem foi pupila, amiga, colaboradora e indicada por ele como primeira diretora da Discoteca Municipal de São Paulo desde a fundação, em 1935, até 1968, data em que Oneyda se aposentou. Ela saiu de Varginha aos 19 anos para estudar piano em São Paulo e dedicou sua vida à cultura, à música, à dança, à etnologia e, com outros pesquisadores, participou da Missão de Pesquisas Folclóricas (1938), idealizada por Mário de Andrade. O grupo percorreu 30 cidades do Nordeste brasileiro e registrou diversas manifestações culturais e folclóricas, em especial de dança e música.  O resultado foi a base de todo o trabalho organizado e desenvolvido por ela ao longo da vida e a exposição, portanto, é uma homenagem à etnomusicóloga, ao seu trabalho e à construção de obra fonográfica essencial para a construção da identidade cultural brasileira.

A mostra ‘Oneyda Alvarenga & Eu. Seu tempo, sua busca, sua obrafoi idealizada pela arquiteta e tradutora Anita Di Marco e pela artista visual e fotógrafa Vanessa CTReis, em 2015, a partir da leitura do livro À Outra Margem (2014), peça de autoria de José Roberto Sales, psicanalista, historiador e, na época, presidente da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências (AVLAC). 

Na atual montagem no CEFET-Varginha, coordenada por Edilaine Toledo, professora de língua portuguesa e redação no CEFET-Varginha, a exposição ficará aberta de 29 de junho a 22 de julho de 2022. Do dia 19 de agosto a 09 de setembro, será montada na Escola Estadual Pedro de Alcântara (Bom Pastor), como parte do Projeto de Extensão "Entre Cartas..." com sua comunidade, da unidade Varginha do Cefet-MG, que faz parte do programa de extensão ConTextus, em conjunto com as unidades de Araxá e Nepomuceno do Cefet-MG. A proposta é envolver professores (tanto da área de formação técnica quanto da geral), estudantes, servidores de todo o campus e suas parcerias. Na primeira etapa do projeto, os estudantes das três unidades do CEFET-MG, e também os parceiros da E.E. Pedro de Alcântara, leem frases marcantes de Oneyda Alvarenga e uma carta trocada entre ela e Mário de Andrade. Num segundo momento, haverá uma conversa sobre tais conteúdos, como motivação para a interação escrita que irá compor o painel "Registros de outrem, encontros de si".     

Instagram dos projetos: @projetoentrecartas; @mulheresnalira; @mimesis_arte_cultura; @clubedeleituraempilhandomundos. 

Evento: Projeto de Extensão "Entre Cartas..." com sua comunidade, unidade Varginha do CEFET-MG e parte do programa de extensão ConTextus, com as unidades de Araxá e Nepomuceno do Cefet-MG.
Exposição: Oneyda Alvarenga & Eu - Seu tempo, sua busca, sua obra.
Onde e quando: CEFET-MG. Av dos imigrantes, 1000. De 29 junho a 22 julho 2022.   e E.E. Pedro de Alcântara. Bom Pastor. De 19 agosto a 09 setembro 2022.
Concepção e curadoria da mostra: Anita Di Marco & Vanessa CTReis
Pesquisa: José Roberto Sales
Montagem: Equipe CEFET-MG - Unidade Varginha

Referências
https://www.guiadasemana.com.br/literatura/noticia/10-livros-que-reunem-cartas-enviadas-por-grandes-personalidades
https://www5.usp.br/noticias/cultura/cartas-entre-escritores-brasileiros-trazem-jogo-de-seducao-intelectual/  

9 comentários:

  1. Parabéns Anita e Vanessa pela idealização. Maravilhosa iniciativa.

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  2. Exposição digna de merecer um novo prêmio "Gentileza Urbana" que o IAB/MG concede a iniciativas que contribuem para a melhoria da qualidade de vida urbana

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    1. Eneida, só pode ser você. Afinal, ganhamos um deles pela gentileza de fazer outra exposição (itinerante) sobre o Patrimônio de Varginha, né? Seis meses carregando, montando e desmontando painéis... foi gratificante e todo mundo gostou... Pois é, nada como colocar o coletivo e o interesse da cidade, do país, da cultura em primeiro lugar. Obrigada, querida. Pode nos indicar. Ficaremos Honradas... beijos

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  3. Anita, não conhecia essa Oneyda. Obrigado por me ensinar um pouco mais sobre a arte brasileira! Bjs

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    1. Aruam, a discoteca pública do Centro Cultural São Paulo tem o nome dela... Veja lá. Vale a pena. Abraços e obrigada por comentar e estar sempre por aqui...

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  4. Só tenho a agradecer à Anita e à Vanessa pela parceria com o Cefet. Além de grandes profissionais e artistas, são pessoas generosas, sempre dispostas a compartilhar e apoiar iniciativas culturais. Que bom, Anita, tê-la conhecido!! Obrigada pelos seus textos!
    Keilla

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    1. Keilla, querida, que bom tê-la conhecido também. Você é generosa, ética, interessada e brilhante! Aguardando muito sua tese. Beijos

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  5. Excelente Anitinha!Parabéns a você e Vanessa por está iniciativa e projeção de Uma Varginhense que nos orgulha.

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  6. Que bonito tudo isso! Parabéns, Anita!

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