Em post recente falei da Lei de ATHIS, a Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social. Ainda falando sobre o tema, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-BR), também gestão da arquiteta Nádia Somek, produziu um documentário que merece
ser visto. Trata-se de Habitação Social- uma questão de Saúde Pública, que aborda e escancara os problemas (exacerbados sobretudo em tempos de pandemia) das famílias que
vivem em assentamentos precários e apresenta possibilidades de transformação. Ora, em plena pandemia de Covid-19, a
própria Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu protocolos e
recomendações para controle e redução da transmissão do vírus, em função da
falta de acesso à moradia adequada e a saneamento básico. Nesse sentido, outras
propostas vieram de escritórios regionais do CAU, como o projeto NENHUMA CASA
SEM BANHEIRO, no âmbito do Programa Casa
Saudável do CAU-RS, que visa viabilizar medidas sanitárias básicas para a população,
em especial dos mais vulneráveis, na periferia de nossas cidades.
Mais que projetar interiores, mansões, apartamentos em bairros de
alto padrão, condomínio fechados e prédios de luxo, o CAU/BR
coloca como dever profissional (e moral) dos arquitetos usar seu conhecimento e criatividade em favor da criação de moradias adequadas e cidades mais
democráticas e inclusivas, projetando soluções que respondam a essas
necessidades mais prementes.
Felizmente, inúmeros arquitetos já atuam nesse sentido, porém, talvez, ainda em número insuficiente frente à demanda crescente por moradia. O leitor pode ver neste link (projetos de habitação de interesse social) alguns trabalhos dos escritórios Biselli Katchborian Arquitetos, Jirau Arquitetura, MMBB Arquitetos, H+F Arquitetos, Boldarini Arquitetura e Urbanismo e Vigliecca & Associados. Sem dúvida, trata-se de um programa bem complexo e desafiador, porém essencial e os projetos apresentados acima são inteligentes, inovadores e responsáveis. Partem da necessidade de fornecer um espaço digno com conforto técnico, segurança e salubridade a seus moradores, além de garantir o direito à cidade, à infraestrutura urbana, aos serviços e equipamentos públicos. Utilizando formas de implantação, materiais, serviços, cores e acessos diferenciados, todos esses projetos partem dos recursos oferecidos por cada um dos lotes em questão: desnível do terreno, relevo, paisagem e cursos d'água, tudo em benefício do todo.
Afinal, morar é preciso, sim, porém, mais do que isso: é preciso reconhecer que todos querem e merecem morar bem.
Referências
https://www.youtube.com/watch?v=wBVThNIs_
