sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Ecos Culturais | Progaganda, comercial ou reclame?

Quem tem menos de 40 anos não vai acreditar, mas houve um tempo, não muito distante, em que as crianças iam para a cama após ouvir uma certa musiquinha. Verdade! Durante mais de uma década, esse "comercial" marcou o encerramento da programação infantil na antiga TV Tupi, hoje Alterosa. Funcionava como um sinal para as crianças se retirarem da sala e irem dormir. É claro,  as mães da época adoravam o jingle! Era exibido uma única vez, à noite, exatamente às 21h. Portanto, acreditem: nas décadas de 60/70 nenhuma criança ia dormir sem antes assistir ao comercial dos Cobertores Parahyba (de acrylã), empresa de São José dos Campos. Meu irmão "Francisquinho" que o diga! Com seus 3-4 anos, vinha em desabalada carreira de onde estivesse (casa pequena, não dava para correr muito, mas...) para ouvir o famoso comercial”. A trilha era do Maestro Erlon Chaves.    

Outros comerciais que me encantavam eram os da VARIG, principal companhia aérea brasileira nos anos 60, 70 e 80. Com a concorrência com empresas estrangeiras, a VARIG entrou em crise a partir dos anos 90 até ir a leilão em 2006. Mas ficou na memória afetiva de muitos pela criatividade. Hoje, tudo parece ter ficado muito mais acelerado e eu gostava daquelas propagandas mais longas, com trilhas sonoras mais calmas, sem essa profusão de imagens que mais parece que estamos em um ambiente com luz estroboscópica. Absolutamente desconfortável! Não sei se vocês se lembram, mas nas minhas aulas de física, sempre estudávamos o efeito desse tipo de luz nas atividades cotidianas. Dava até medo... Mas, voltemos à VARIG...

Eu me lembro, sobretudo, de três campanhas publicitárias: 1—Estrela brasileira, de 1960, criada por J.B. de Oliveira Sobrinho, com o jingle de Caetano Zama. No comercial, Papai Noel voava a jato pelo céu... pela VARIG e a assinatura final (Varig, Varig, Varig) era inconfundível. Outras duas (assista aqui aos dois comerciais) eram:  2—Urashima Taro, de 1968, a partir de uma lenda do folclore japonês e lançada para promover os voos entre Brasil e Japão. A música é de Archimedes Messina e a cantora é Rosa Myiaki, apresentadora do programa "Imagens do Japão", da década de 1980. 3— Sr. Cabral. Era engraçadíssimo (para não dizer triste) ver os indígenas gritando “Bem-vindo seo Cabral”.... Mas a música ficou. A criação dessas duas campanhas foi de José Carlos Galerani Diniz.

Mais recentemente, é impossível não lembrar e render louros a Washington Olivetto, criador de comerciais inesquecíveis como a do Garoto Bombril (1978-2004), com o impagável Carlos Moreno, meu colega na turma de 1972 da FAU-USP; do comercial da Valisère (1987), O primeiro Valisère a gente nunca esquece; e o da Brastemp – Não é nenhuma Brastemp. Esses slogans se transformaram em bordões inesquecíveis, com um significado único aqui no Brasil. Bem divertidos também eram os comerciais com os bichinhos da Parmalat, que viraram febre, no final da década de 90, o não menos famoso bordão do refrigerante Grapete: “Quem bebe grapete, repete!” e o jingle do Reporter Esso. Inesquecíveis... 

Parabéns aos nossos publicitários, músicos, redatores, autores. Viva a criatividade brasileira!

Referências

https://viajantedotemporeall.blogspot.com/2015/09/cobertores-parahyba.html

https://www.youtube.com/watch?v=-phRXCfmvqY  

https://www.youtube.com/watch?v=iEndpo9rAqE  

https://vidadosgamers.wordpress.com/2014/12/11/comercial-cobertores-parahyba-1961/

https://www.youtube.com/watch?v=-phRXCfmvqY

https://www.youtube.com/watch?v=-phRXCfmvqY 

https://vejasp.abril.com.br/coluna/memoria/varig-comerciais-inesqueciveis/

http://culturaaeronautica.blogspot.com/2017/07/os-caravelles-da-varig-primeiro-jato.html

https://www.istoedinheiro.com.br/9-companhias-aereas-brasileiras-que-ja-nao-operam-mais/   

https://www.youtube.com/watch?v=MMZsWdbY4t4

14 comentários:

  1. Anita, que maravilha poder voltar no tempo através desses "reclames" que a gente assistia/ouvia todos os dias! Obrigado pela oportunidade!

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    1. Oi, Aruam, como já lhe disse, minha memória é de elefante e, queiramos ou não, o tempo passa voando, por isso, recordar é viver... E vamos em frente, um abraço

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  2. Mentalmente canto todas as propagandas que você mencionou! Que delícia essa evocação da infância! Obrigada @

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    1. Lilian, quando a gente começa a remexer nas gavetas da memória....Obrigada por comentar, querida. Abraços

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  3. Anita querida, como nos diverte com a pluralidade de assuntos que escreves. Participas da nossa vida com tuas palavras cativantes. Muito obrigada!

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    1. Querida Marta, o uso da segunda pessoa te traiu. Estás a ficar, cada vez mais, com ares portugueses. Obrigada, querida, beijo grande

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  4. Anitinha!sensacional! Quanta saudades! Delícia ler seu artigo.

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  5. Quantas lembranças...grande sensibilidade, Anita.. o cobertores parayba era do severo Gomes, empresário compromisso com a democracia de verdade.

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    1. Oi, José Marcelino, que prazer ter você aqui... Sim, era do Severo Gomes, compromissado de fato com a democracia. Infelizmente, muitos jovens não acreditam que a ditadura existiu, de fato. Leem, mas não a vivenciaram... Nós que a vivemos (e sofremos), sabemos do valor da democracia! beijos

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  6. Genial, Anita! Adorei!
    O Carlos Moreno era da sua turma, Nossa, que inusitado. Ele era da Arquitetura... os caminhos desta vida.
    Quanta informação você levantou pra esse texto. Datas; criadores; intérpretes. Tudo é História. A luz estroboscópica!!
    Na ECA, em 1985, a gente gostava de brincar, rememorando e rindo: A gente passeava de automóvel; tirava retrato; ia ao oculista... e, claro, assistia reclame! Tinha mais, só que não estou me lembrando. Mas os reclames nunca faltavam.
    Saudades.
    E as lembranças boas.

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  7. E o jingle de Natal das Casas Pernambucanas. E um outro "reclame", não sei se das Casas Buri, ou Pernambucanas, também de Natal, com Pinheiros e neve. Vi colorido na rodoviária de S. Paulo, o fundo roxo. Nunca me esqueci.

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    1. Oi Valquíria, isso mesmo. Era das Casas Pernambucanas: - Quem bate? - É o frio... Não adianta bater, eu não deixo você entrar.... Muito legal, né? E outros tbm, como os do Biotônico Fontoura, mas não dá para fazer um livro aqui, né? hahahahah... Valeu, querida, abraços

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    2. Sim. Muito bom! Tudo era tão bonitinho!..

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  8. Hahaha voltei no tempo. Como era gostoso assistir

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