Trabalhou com o Marechal Rondon, no Serviço de Proteção ao índio (SPI) de 1947 a 1955. Aos 24 anos, ex-estudante de medicina, mudou-se para uma comunidade indígena, no Pantanal, para entender como viviam os povos originários. Acabou se apaixonando por aquela cultura e lá permaneceu. Depois morou com outros povos indígenas na Amazônia, Para e Maranhão. Com os irmãos sertanistas Cláudio (1916-1998) e Orlando (1914-2002) Villas-Bôas, criou o Parque Indígena do Xingu (1961), hoje tão afrontado. Ao ser elogiado pelo muito que “teria feito aos índios”, Darcy Ribeiro respondeu, em uma de suas falas históricas, que os índios haviam feito muito mais por ele: “Eles me deram dignidade e hoje posso ir a qualquer país do mundo falar de índio".
Imagem. Arquivo Fundação Darcy Ribeiro-FUNDAR, RJ |
De seu legado vale destacar: a criação do Parque Nacional do Xingu (1961) e da Universidade de Brasília – UnB (1962), da qual foi reitor; a criação, como vice-governador de Brizola, dos CIEPs - Centros Integrados de Educação Popular, escolas de tempo integral que, além da educação formal, cobriam atividades nas áreas de música, arte, esporte, literatura; a criação do Museu do Índio (1953), do Memorial da América Latina (1989), em São Paulo; do Monumento a Zumbi dos Palmares (1986), no Rio; e do Sambódromo (RJ) em 1984, que deveria ser usado como escola nos períodos fora do Carnaval). Escreveu livros, romances, ensaios, além de ser tema de inúmeros trabalhos acadêmicos.
Sua frase mais emblemática, talvez, seja
aquela que disse ao receber o título
de Doutor Honoris Causa, da Universidade Sorbonne, em
Paris, e que resume sua carreira de forma brilhante:
Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.
Em 1992 Darcy foi eleito para ocupar a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL), mas isso não importa. O que importa é que imortal mesmo é sua obra. Esta, sim, eterna, brilhando como um farol! Com esperanças renovadas, torcemos para que seus sonhos se realizem, fazendo florescer um novo Brasil, diverso, desenvolvido, inclusivo, com educação séria, crianças alfabetizadas e povos originários respeitados. Tomando emprestado o título de seu livro, Viva O Povo Brasileiro, mas, sobretudo, viva Darcy Ribeiro, Brasileiro com B maiúsculo!
Referências
Cortella, Mário Sérgio em texto extraído do programa "No Meio do Caminho", da CBN, em 26 out. 2022
https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/2022/10/26/100-anos-de-darcy-ribeiro
https://revistapesquisa.fapesp.br/a-chama-da-utopia/
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63393757 https://anitadimarco.blogspot.com/2021/04/ecos-urbanos-compaz-centros-auspiciosos.html
Excelente, Darcy, dos nossos maiores brasileiros e que olhou para o nosso povo com a visão acolhedora e educadora.
ResponderExcluirExcelente texto deste gênio brasileiro.Darcy Ribeiro, sempre será lembrado por todas as suas obras,feitos e dedicação a esse País chamado Brasil.
ResponderExcluirQue legado incrível nos deixou Darcy! Tive a sorte de estudar no Mespt, na UnB, para ver de perto seu tamanho! Em 2012, os yawalapiti fizeram um Kuarup para ele, veja o vídeo que a Revista Darcy fez, é emocionante!
ResponderExcluirMeu Deus! Que linda trajetória. Não sabia que ele era de Montes Claros, nem que tinha criado o Parque do Xingu.
ResponderExcluirSim, era pro Brasil ter crescido mais e melhor.
Surpreendente o tanto de feitos gigantes desse estudioso!
Anita, agradeço este seu texto! Não sabia da importância do Darcy para o Brasil. Infelizmente, o Brasil ainda está muito distante do Brasil que ele sonhou!
ResponderExcluirEm tempo, exposição 100 anos de Darcy Ribeiro, no Sesc 24 de maio em SP até 20 março 2023.
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