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Horto florestal - SP
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Quando se fala em espaço de uso comum, pensa-se em ruas, becos, largos, praças, parques, áreas verdes, espaços abertos, livres ou não. Em geral, pensa-se mais no público que no privado. No entanto, há vários bons espaços privados de uso comum que são acolhedores, convidativos e permitem essa troca gradativa entre o público, o semipúblico e o privado. Para quem ainda não entende bem essa diferença, vale lembrar que a cidade é de todos, ou seja, se for agradável, acolhedora e segura será agradável, acolhedora e segura para todos (ou deveria ser). Dessa forma, é preciso reforçar que é preciso cuidar da cidade, dos espaços privados e dos espaços públicos, pois o que é público é de todos, ou seja, todos são responsáveis e devem zelar pelo que é público.
Quando acessíveis, bem cuidados, agradáveis, seguros e vibrantes, esses espaços de uso comum são pontos de atração em qualquer
aglomeração urbana. São pontos focais, centros de energia da cidade, nos quais o indivíduo pode respirar melhor, descansar, recarregar as baterias, aliviar o estresse cotidiano, brincar e ter a possibilidade de encontros e conexões com o outro. Mas antes de falar dos nossos espaços
públicos, vou dar um exemplo distante, nem por isso menos bem-vindo. Uma amiga arquiteta me falou de sua incrível
experiência nos Estados Unidos, ao visitar o The Bay, na Baia de Sarasota, Flórida.
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Divulgação (Bay Park Conservancy) |
Desenvolvido, gerido e mantido
por munícipes, fundações, empresas, governos e ONGs, o The Bay propõe preservar,
recuperar e transformar 215 mil m2 (algo na ordem de 21 campos de futebol) de terra pública em um oásis, ao longo da
baía de Sarasota. Toda a comunidade poderá caminhar, descansar, permanecer, se reunir, aventurar-se pelas áreas verdes, praticar atividades sociais,
aquáticas, esportivas e culturais. Desde
o início do projeto, o objetivo era transformar um então existente e imenso estacionamento em um parque aberto a todos, um pulmão verde, um oásis
sustentável para a baía. Ao custo de 175/200 milhões de dólares, a obra tem término previsto para 2030/32. Em outubro de 2022, foi inaugurada a primeira etapa de 10 hectares (dez campos de futebol); a segunda, de mais 14
hectares, está em construção e prevê a recuperação de edifícios históricos, preservação de vários ecossistemas como áreas de mangue, atividades esportivas, aquáticas,
corredores culturais e gastronômicos etc. Só então terão início as duas fases
finais. No quesito ambiental, a proposta é ser um grande rim para filtrar toda a água que
chega até a baía de Sarasota, inclusive das águas pluviais.
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Desrespeito ao usuário
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Voltando agora aos nossos espaços públicos, que garantem descanso, recuperação e melhor qualidade de vida para a população, por serem locais de encontro, convívio, lazer e ócio necessário. Se não cuidarmos dos nossos espaços, se não
preservarmos o lugar sagrado do brincar de nossas crianças, se não nos ocuparmos
de sua manutenção e limpeza, jogando o lixo no lugar certo, cuidando e usando os equipamentos de forma adequada, a cidade não
desenvolve um espírito comunitário, pois a população não se encontra em seus momentos de
lazer e descanso.
Só para ilustrar, um triste exemplo, em São Paulo, é o entorno
da Sala São Paulo, sala de concertos de primeiríssimo mundo. Infelizmente, o
bairro da Luz, conhecido por reunir tantos equipamentos culturais, parques e edifícios
históricos valiosos, tem sido preterido em favor de outros bairros, pela decadência e abandono de seu entorno.
Assim, nunca é tarde para se falar sobre a necessidade de criar novos e manter a qualidade dos antigos espaços. Em cidades menores, por exemplo, grandes áreas governamentais ou não,
muradas ou não, sem uso e isoladas, em meio a trechos centrais das cidades
dariam ótimos parques ou espaços públicos, em lugar de um quarteirão cercado por altos muros, que deixa inseguro todo seu entorno. Basta que cada um, principalmente o poder público, olhe a cidade como um todo, como extensão de sua casa, de seu trabalho, de seu ambiente e como elemento vivo que carece o tempo todo de cuidados e áreas de respiro.
Referências
https://www.thebaysarasota.org/
https://www.floridacountrymagazine.com/oct-nov-23-230925/#book44
https://www.thebaysarasota.org/featured/looking-forward-looking-back-the-bays-current-and-former-ceo-take-stock-of-the-53-acre-downtown-sarasota-park/
Texto bem elucidativo/jcampos
ResponderExcluirQue belíssimo espaço, esse dos EUA... que continue assim!
ResponderExcluirE que os entornos da Sala São Paulo venham a ser mais seguros. Nós merecemos! E mais uma vez, parabéns, Anita, pelo texto tão cuidado e lindo, sempre nos despertando para a coletividade!
Valquíria, querida. Obrigada por seus comentários tão pertinentes e que me incentivam tanto. Sei de como seu tempo é escasso e agradeço muito seu tempo aqui. Abraços e beijos
ExcluirQue bonito texto Anitinha! A preservação o cuidado de todos e amor ao espaço que é dado a toda sociedade de uma cidade é importante que se tenha carinho de um espaço que é de todos.Bebel
ResponderExcluirObrigada, Bebel. Triste perceber quanta gente não percebe a necessidade disso, sobretudo agora, nesses tempos de dengue. As campanhas educativas do poder público devem ser permanentes, não só em épocas de epidemia, e a população parece não perceber que a cidade também é sua, que cuidando da cidade, também cuida de sua saúde!... Até quando? Obrigada por comentar, beijos
Excluir" A praça ! A praça é do povo/ Como o céu é do condor" já dizia Castro Alves, mas sem que haja segurança pública eficaz, as praças, salas de concerto, e quaisquer espaços púbicos, quedaram vazios e os muros altos cada vez mais altos, lamentavelmente
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Ótimas lembranças
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