sábado, 5 de março de 2016

Memórias, Línguas & Poesia | To remember me


Laço verde é o símbolo internacional dos que apoiam a doação de órgãos. Imagem:saudecontrole.com.br

Sempre utilizei várias estratégias para o ensino de Inglês (ou de Português para estrangeiros). Uma delas era trabalhar com textos variados, música, poesia, literatura, enfim, material que despertasse a curiosidade e o interesse do aluno, facilitando o aprendizado e a assimilação da língua e de sua cultura.
Lembro-me de uma aula, em especial. O artigo era sobre doação de órgãos. Não deu outra. Com minha memória de elefante fui buscar, nos escaninhos mais escondidos da mente, um poema que abordava o assunto sob outra perspectiva.Um pouco mais poética, digamos.

O autor é Robert Frost (1875-1963), famoso poeta americano ganhador de quatro prêmios Pulitzer, cujos poemas eram lidos e trabalhados em minhas aulas de inglês na União Cultural Brasil-Estados Unidos. Dois deles ficaram em minha memória: The Road Not Taken e o que segue abaixo, To Remember Me. A discussão com os alunos após a leitura do poema foi acalorada, emocionada e deu frutos, em vários sentidos.

O narrador fala de sua decisão de não prolongar sua vida, por meio de aparelhos, quando, e se, houver necessidade. Ao contrário, frisa que deseja que suas células, sangue e órgãos sejam reaproveitados...servindo àqueles que não puderam ter a chance de ver, andar, ouvir, enfim, apreciar a Vida, de forma plena... Quanto ao que restar de seu corpo, pede que queimem e espalhem as cinzas ao vento para que as flores possam crescer.  Termina dizendo que...
 ... “Se quiserem enterrar algo, enterrem meus defeitos e fraquezas, e os preconceitos contra meu semelhante.
Se quiserem se lembrar de mim, façam isso por meio de um gesto de amor, uma palavra a alguém em necessidade. Se fizerem isso, viverei para sempre. ”

To Remember Me
Robert Frost

The day will come when my body will lie upon a white sheet neatly tucked under four corners of a mattress located in a hospital busily occupied with the living and the dying.

At a certain moment, a doctor will determine that my brain has ceased to function and that, for all intents and purposes, my life has stopped.

When that happens, do not attempt to instill artificial life into my body by the use of a machine, and don’t call this my death bed. Let this be called the bed of life, and let my body be taken from it to help others lead fuller lives.

Give my sight to the man who has never seen a sunrise, a baby’s face or love in the eyes of a woman.

Give my heart to a person whose own heart has caused nothing but endless days of pain.

Give my blood to the teenager who was pulled from the wreckage of his car, so that he might live to see his grandchildren play.

Give my kidneys to one who depends on a machine to exist.

Take my bones, every muscle, every fiber and nerve in my body and find a way to make a crippled child walk.

Explore every corner of my brain. Take my cells, if necessary, and let them grow so that someday a speechless boy will shout at the crack of a bat and a deaf girl will hear the sound of rain against her window.

Burn what is left of me and scatter the ashes to the winds to help the flowers grow.

If you must bury something, let it be my faults, my weaknesses and all prejudice against my fellow man.

If by chance you wish to remember me, do it with a kind deed or a word to someone who needs you. If you do all I have asked, I will live forever.


Referências:

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