Laço verde é o símbolo internacional dos que apoiam a doação de órgãos. Imagem:saudecontrole.com.br |
Sempre utilizei
várias estratégias para o ensino de Inglês (ou de Português para estrangeiros).
Uma delas era trabalhar com textos variados, música,
poesia, literatura, enfim, material que despertasse a curiosidade e o interesse
do aluno, facilitando o aprendizado e a assimilação da língua e de sua cultura.
Lembro-me de uma aula, em especial. O artigo era sobre doação de órgãos. Não deu
outra. Com minha memória de elefante fui buscar, nos escaninhos mais escondidos
da mente, um poema que abordava o assunto sob outra perspectiva.Um pouco mais poética, digamos.
O autor é Robert Frost (1875-1963),
famoso poeta americano ganhador de quatro prêmios Pulitzer, cujos poemas eram
lidos e trabalhados em minhas aulas de inglês na União Cultural
Brasil-Estados Unidos. Dois deles ficaram em minha memória: The Road Not Taken e o que segue abaixo,
To Remember Me. A discussão com os
alunos após a leitura do poema foi acalorada, emocionada e deu frutos,
em vários sentidos.
O narrador fala
de sua decisão de não prolongar sua vida, por meio de aparelhos, quando, e se, houver necessidade. Ao contrário, frisa
que deseja que suas células, sangue e órgãos sejam reaproveitados...servindo àqueles que não puderam ter a chance de ver, andar, ouvir, enfim, apreciar
a Vida, de forma plena... Quanto ao que restar de seu corpo, pede que queimem e
espalhem as cinzas ao vento para que as flores possam crescer. Termina dizendo que...
... “Se quiserem enterrar algo, enterrem meus defeitos e fraquezas, e os preconceitos contra meu
semelhante.
Se quiserem se lembrar de mim, façam isso por meio de um
gesto de amor, uma palavra a alguém em necessidade. Se fizerem isso, viverei
para sempre. ”
To
Remember Me
Robert Frost
The
day will come when my body will lie upon a white sheet neatly tucked under four
corners of a mattress located in a hospital busily occupied with the living and
the dying.
At
a certain moment, a doctor will determine that my brain has ceased to function
and that, for all intents and purposes, my life has stopped.
When
that happens, do not attempt to instill artificial life into my body by the use
of a machine, and don’t call this my death bed. Let this be called the bed of
life, and let my body be taken from it to help others lead fuller lives.
Give
my sight to the man who has never seen a sunrise, a baby’s face or love in the
eyes of a woman.
Give
my heart to a person whose own heart has caused nothing but endless days of
pain.
Give
my blood to the teenager who was pulled from the wreckage of his car, so that
he might live to see his grandchildren play.
Give
my kidneys to one who depends on a machine to exist.
Take
my bones, every muscle, every fiber and nerve in my body and find a way to make
a crippled child walk.
Explore
every corner of my brain. Take my cells, if necessary, and let them grow so
that someday a speechless boy will shout at the crack of a bat and a deaf girl
will hear the sound of rain against her window.
Burn
what is left of me and scatter the ashes to the winds to help the flowers grow.
If
you must bury something, let it be my faults, my weaknesses and all prejudice
against my fellow man.
If
by chance you wish to remember me, do it with a kind deed or a word to someone
who needs you. If you do all I have asked, I will live forever.
Referências:
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