sexta-feira, 7 de julho de 2023

Ecos Culturais | Mitos

Mitos me atraem, como já comentei aqui e, após publicar Ecos Culturais | Arquétipos Femininos, alguns me sugeriram escrever algo mais sobre os mitos. Adorei a sugestão e fico grata a vocês, leitores atentos, que fazem comentários, mesmo sem deixar o nome no corpo da mensagem. Então, vamos lá! 

A Grécia antiga era uma fonte de mitos e muitos perduram até hoje, sendo utilizados em analogias, reflexões, lições, alertas etc. De qualquer forma, todos dão ensejo à reflexão, já que os deuses gregos tinham características, emoções e atitudes humanas e assim, da mistura de deuses e humanos, ninfas, faunos e outros seres mitológicos nasceram os mitos. Vamos ver a origem e o que nos ensinam alguns.

Aquiles. Ora, quem não tem um calcanhar de Aquiles, um ponto fraco? O de Aquiles era seu calcanhar, como pode ser visto no filme Troia. Foi pelo calcanhar que sua mãe, para torná-lo imortal, o segurou ao mergulhá-lo no Rio Estige. De fato, ele o era, até ser ferido por uma fecha justamente no seu ponto fraco. Este mito fala, portanto, de autoconhecimento, identificação dos pontos fortes e fracos do indivíduo e, a partir daí, torná-lo mais humilde e resiliente.

Ícaro era o jovem e imprudente filho de Dédalo. Este, obedecendo ao rei Minos de Creta, construiu um labirinto, de onde ninguém poderia sair, para prender o Minotauro. Dédalo revelou a Ariadne, filha do rei, o segredo para sair de lá, o rei não gostou e prendeu pai e filho, no labirinto. Hábil, Dédalo construiu asas, com penas de gaivota e cera de abelha, para ele e o filho fugirem dali voando. Ambos fugiram, mas Ícaro se encantou com o sonho de voar, desobedeceu a orientação paterna e voou cada vez mais alto, aproximando-se do sol. Aconteceu o previsto: a cera derreteu e Ícaro caiu no mar Egeu. O mito de Ícaro nos ensina a sonhar sim, mas também a ter prudência, moderação, humildade e a respeitar a experiência dos mais velhos.   

Midas. Essa história nos fala de apego, ganância e cobiça. O ganancioso rei Midas pediu aos deuses o poder de transformar em ouro tudo aquilo em que tocasse. Conseguiu o que queria e, perplexo, percebeu que seu desejo era sinistro, pois absolutamente tudo (alimentos, bebidas e até pessoas) era transformado em ouro. Arrependido, pediu aos deuses para libertá-lo daquela maldição e passou a viver uma vida simples. O mito do rei Midas mostra que ganância, cobiça e apego podem cegar e ofuscar nossa visão em relação ao que, de fato, tem valor na vida.

Narciso. Este mito nos fala de vaidade e arrogância. Belo, Narciso sentia-se superior a todos os demais, apaixonou-se por sua própria imagem e não via mais nada na sua frente até que definhou, tornando-se a flor que leva seu nome. O mito nos ensina a cultivar a autoestima sim, mas também a ter humildade, já que ninguém é superior a ninguém.

Pandora. Pandora recebeu um presente de Zeus: uma caixa com a severa recomendação de jamais abri-la. Não deu outra, a curiosidade foi mais forte e Pandora abriu a caixa que continha todos os males físicos, emocionais e espirituais do mundo. Ela logo se arrependeu, mas já era tarde. Todos os males tinham fugido, só restara a esperança, no fundo da caixa. Este mito nos ensina a importância do autocontrole e da obediência, mas também da esperança.

Teseu e o Minotauro.  A assustadora figura do Minotauro, corpo de homem e cabeça de touro, se alimentava de seres humanos e era fruto de uma traição. Por ordem de Minos, o rei traído, o feroz animal  vivia preso num labirinto na mesma ilha, Creta, construção encomendada a Dédalo, pai de Ícaro, pelo próprio rei. Os que tentavam destruir a fera, acabaram perdidos no labirinto e eram mortos. O herói grego Teseu,um dos inúmeros que queriam destruir a fera, e Ariadne, filha do rei Minos, apaixonaram-se e ela o ajudou dizendo-lhe como sair. Assim, Teseu matou o Minotauro e saiu do labirinto usando o novelo de lã dado por sua amada. O mito nos ensina a usar a inteligência, não desistir, a ter resiliência e a confiar na força do amor.

Interessante o mito do Minotauro, mas toda vez que leio esse nome, só consigo me lembrar de Monteiro Lobato que, no livro O Minotauro, dizia que a fera ficava calma quando comia os bolinhos de chuva feitos por tia Nastácia, numa época em que a trupe do Sítio do Picapau Amarelo esteve rodando pela Grécia... Que imaginação privilegiada tinha Lobato!

Referências

https://www.todamateria.com.br/lendas-e-mitos/

https://www.eusemfronteiras.com.br/os-mitos-gregos/

6 comentários:

  1. Beleza dr historia
    Parabens abraços j.campos ribeiro

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  2. Muito interessante seu texto!.Que bom saber destas figuras que tanto nos foi dito mas, não com esse conhecimento.

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  3. Ótimo lembrar desses mitos e suas analogias.

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  4. Sempre lindo, antigo e atual: eternos mitos dentro de nós!
    Adorei, Anita!..

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  5. Ei, Anita! Aqui é Telma. Sugiro publicar um texto sobre mitologia afro-brasileira.

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