Ecos Turísticos | Sobre lagos e casas flutuantes

O lago de Furnas, aqui no Sul de Minas, foi criado, nos anos 60, em função da construção da represa e hidrelétrica de Furnas. O longo processo envolveu desapropriações, perdas, submersão e dores, muitas dores. Mas, se abstrairmos todo esse sofrimento, o lago, hoje, parece ser só uma daquelas maravilhas democráticas da Natureza. Quando está com o nível adequado, as suas águas hipnotizam, encantam e acolhem todos os interesses e usos: pousadinhas, restaurantes, bares, lazer ativo (natação, regatas, competições, passeios de barco e de jet ski), lazer passivo (pesca, simples contemplação, meditação, descanso) e até cantoria!!! Aliás, não se pode esquecer o imenso potencial geográfico, ambiental e turístico das nossas águas.

 

Imagem: https://www.scielo.br/j/inter/a/8LVNrR4p4FDT6vqf8b4PQTx/?lang=pt

Numa ocasião ímpar, em meados dos anos 2000, fomos agraciados com um belo show de um violeiro paulista de Adamantina, cidade na barranca do rio Paraná. O nome dele? Osmar Lucianeti Quevedo (1965), mais conhecido como Mazinho Quevedo, instrumentista, compositor e cantor brasileiro de música raiz. Ele vinha navegando, cantando na parte superior de  barco e descendo, justamente, o lago da represa de Furnas, perto de Varginha... 

De início, só a imagem ao longe, depois o som baixinho da viola, a imagem mais clara e sua voz cada vez mais límpida até chegar onde estávamos, na borda do lago. Foi um sonho... A ocasião, a paisagem, aquela água brilhando ao pôr do sol, o belo som da viola, a voz melodiosa do cantor... tudo isso foi demais para mim... Chorei de gratidão por aquela lindeza de espetáculo... Nesse dia, descobri um desejo: algum dia, queria navegar por aquelas águas, ao pôr do sol....   

Lago de Furnas-Varginha. Foto: Anita Di Marco

Mas, claro, também tenho outra história tendo essa represa como palco principal. Certo dia, descobri que um amigo do meu filho tinha uma casa flutuante e que, de vez em quando, navegava pelo lago com os amigos. Ficava me imaginando deitada numa rede, na varanda, apenas observando o movimento das águas e me perguntando se, por acaso, eu ainda iria dar uma voltinha naquela casinha discreta, simples, aparentemente gostosa, antes que ela fosse vendida. Não fui. Venderam a casa e eu não fiz o tão sonhado passeio. 

Não, não pensem que eu nunca tenha andado de barco em oceanos, mares, rios, igarapés. Já andei, sim, algumas vezes: de barco a remo no rio Tietê, em São Paulo, com meu pai, no rio Tietê (ver aqui); de barco grande indo de Brindisi, no sul da Itália, para a Grécia e, anos depois, de Buenos Aires para Montevidéu, cruzando o rio da Prata; de balsa, de Salvador para a ilha de Itaparica, na Bahia; de jangada, nas lindas águas verdes de Maceió; e de bote indígena, esculpido a mão em tronco de árvore, nos igarapés da Amazônia... Enfim, só não viajei naqueles cruzeiros luxuosos, mas isso não me atrai. Gosto de trajetos mais rápidos e locais mais abertos. Mas aquele passeio na casinha flutuante, ao pôr do sol, ficou como um sonho distante não alcançado. Quem sabe, um dia...

Referências

https://www.unifal-mg.edu.br/cienciassociais/system/files/anexos/2015%20CARVALHO%2C%20L%C3%A1rame%20Silva%20%26%20NOGUEIRA%2C%20Marly%20Teodora.%20MEM%C3%93RIAS%20ALAGADAS.%20A%20constru%C3%A7%C3%A3o%20da%20hidrel%C3%A9trica%20de%20Furnas%20e%20a%20submers%C3%A3o%20da%20vida.pdf

http://www.cbg2014.agb.org.br/resources/anais/1/1406549324_ARQUIVO_CBGTAMIRIS.pdf 

https://turismo.boaesperanca.mg.gov.br/lago/lago-de-furnas-2   

https://jornal.usp.br/radio-usp/mazinho-quevedo-apresenta-a-cultura-paulista-ao-som-da-viola-caipira/

https://www.recantocaipira.com.br/duplas/mazinho_quevedo/mazinho_quevedo.html

https://www.youtube.com/@mazinhoquevedo9554 

Instagram: @quevedomazinho

http://www.mazinhoquevedo.com.br 

https://anitadimarco.blogspot.com/2022/07/ecos-urbanos-rios-urbanos-brasileiros.html