sábado, 14 de dezembro de 2024

Ecos Humanos | Novos Ciclos

São Miguel dos Milagres. Foto: Helena Di Marco

Nossa vida é feita de caminhos ou ciclos. Quando um termina, outro logo começa, ainda que, por vezes, não possamos distinguir muito bem e de forma clara essa fronteira. Essa passagem pode ser evidente, por exemplo, como nos mostram o calendário e os períodos escolares. Mas também pode ser sutil e quase imperceptível para a multidão, embora nítida para o nosso coração.  Cada ciclo representa um novo tempo para cada um e, ainda que tudo pareça igual, essa mudança nos traz a possibilidade de reavaliarmos o que conseguimos, o que ficou pelo caminho e o que precisamos modificar, descartar ou reaver. O que é importante levamos conosco: boas lembranças, saudade, aprendizado, crescimento e gratidão. O importante é deixar a vida fluir e abrir-se para as oportunidades que surgirem, porque diz o ditado "Quando uma porta se fecha, outra se abre".  

Apesar de não me prender a isso, vi que muitos falam que 2025 é um ano de mudança de ciclos, de reavaliação, de reflexão e renovação. Dizem que o número 9, soma dos algarismos de 2025, tem uma vibração que leva à solidariedade, à doação, ao serviço sem esperar nada em troca.

Mandala do vento. Vivian Daré

Que bom, mas fico me perguntando: esse não é o plano da vida de todos nós, o tempo todo? Não é nossa missão aqui na Terra? Trabalhar para evoluirmos a cada dia, eliminando crenças disfuncionais, falsos padrões e aprender a crescer, incluir, amparar e acolher o outro? Não é esse o caminho e o papel de todos nós?  Quando agimos assim, no bem e para o bem, emitimos uma vibração que reverbera ao nosso redor, modifica os ambientes e até as pessoas, como diz a linda música Vida Leve, de Mariana. A música, bem a calhar, foi a escolha da focalizadora Vivian Miguel Daré para encerrar as atividades do ano do seu grupo de dança circular, do SESC Varginha. Assim, a cada mudança de ciclo, vamos reavaliando, refletindo, aprendendo e tornando a vida mais leve. 

No Espaço Dharma de Yoga, também encerramos mais um ciclo, com o satsanga de 2024, sempre reafirmando nosso compromisso com o caminho do yoga, com o autoconhecimento. Agora, um novo ciclo se inicia e gratidão foi a palavra-chave desse satsanga tão inspirador e tocante. Gratidão infinita aos alunos/amigos que me acompanharam por mais de 30 anos. Continuamos juntos pela vida afora. Amor e gratidão representam um tipo de cola permanente que une os corações afins. O importante é reconhecer e honrar o caminho, o tempo de aprendizado, crescimento e reafirmar o compromisso com uma vida consciente e coerente.

Feliz vida, feliz Natal, feliz novo ciclo e feliz 2025!

Referências

https://www.somostodosum.com.br/clube/artigos/almas-gemeas/previsao-numerologica-para-2025-62104.html

https://www.personare.com.br/conteudo/portal-12-12-m187819

https://www.astrolink.com.br/artigo/arcano-pessoal-2025

https://www.letras.mus.br/mar-iana/vida-leve-part-big-up/

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Ecos Ecológicos | A Terra que chora




Não é de hoje que o escritor, teólogo e filósofo franciscano Leonardo Boff (1938) escreve, fala e se manifesta em defesa do ser humano, do meio ambiente, da natureza, das terras indígenas, contra a exploração ilegal de ouro, de madeira etc. É a defesa intransigente de alguém que, há muito, muito tempo, entendeu que somos parte ativa e integrante da natureza e que, sem ela, não há a menor hipótese de o ser humano sobreviver. Mas não se engane, o oposto não é verdadeiro: o planeta sobreviverá muitíssimo bem sem os humanos, uma raça que, apesar de mais inteligente(?), mostrou-se totalmente inepta a compreender aintegração básica ser humano/natureza.

No artigo O grito da Terra, de 2015, Boff falava do Papa Francisco e da encíclica 'Laudato si’, recém-lançada. Dizia que o papa surpreendeu e "elaborou o tema dentro do novo paradigma ecológico, coisa que nenhum documento oficial da ONU até hoje fez". E confiante, continuava Boff, ele ainda acreditava que o ser humano pudesse encontrar "soluções viáveis".  

Um ano depois, em 2016, no seu artigo A crise brasileira e a geopolítica mundial, Boff alertava que um ciclo de governos progressistas estava se encerrando. Entenda-se aqui como progressista todo governo que quer melhorar o nível de vida da população como um todo, o que inclui pobres e ricos, trabalhadores e empresários, governo e sociedade civil, sem deixar ninguém de lado. É a velha história de entender os conceitos de igualdade e equidade (aqui no blog Anita Plural há um post sobre o tema).

Filosofia Ubuntu: Eu sou porque nós somos

No artigo Semana no meio ambiente: garantir o futuro da vida e da Terra, de 2019, Boff retomou a encíclica papal Sobre cuidar da Casa Comum” (2015), que propunha uma ecologia integral abarcando várias dimensões: ambiental, social, política, cotidiana, mental e espiritual. Alertava para o caminho que devemos trilhar no futuro próximo - da necessidade de "olhar a Terra como Gaia, Pachamama, Grande Mãe e Casa Comum", sob pena de trilharmos um caminho sem volta.

Já em 2024,  no artigo O que é bem-estar planetário dentro da atual ordem, Boff destacou a situação política mundial e as guerras em curso no mundo hoje, o que parece confirmar aquele caminho sem volta, mencionado no artigo de cinco anos antes. Ele nos propôs a seguinte pergunta: em que tipo de mundo queremos viver? Em que tipo de mundo queremos que nossos filhos e descendentes vivam? Perguntas importantíssimas, porque é isso que estamos fazendo, destruindo o mundo deles, porque o nosso parece já ter chegado (ou quase) ao seu limite.

Por fim, em texto duro e direto no Instagram, Boff falou da possibilidade concreta de uma terceira guerra mundial, alertando que mais do que apelar para Deus, que "não é um tapa-buraco", é preciso cuidar do ser humano enlouquecido, irracional e que cria, o tempo todo, meios de se autodestruir.

O tempo passa, os temas permanecem os mesmos, as mentiras surgem sem cessar, o desrespeito aumenta. A História parece não ter ensinado nada ao ser humano. Sem querer ser catastrofista, os eventos climáticos extremos e a situação política, econômica e social do mundo estão escancarando nosso futuro se continuarmos a olhar apenas para nosso próprio umbigo, sem olhar com cuidado e empatia para o outro, para o próximo, para a natureza e para os diferentes, como coabitantes e parceiros neste mesmo mundo. 

Encerro com três frases que sempre me pegam de jeito e que dizem mais ou menos a mesma coisa: 1. Ninguém evolui sozinho; 2. Somos diferentes só por fora, por dentro somos todos iguais; 3. Eu sou, porque nós somos (Ubuntu).    

Referências

https://leonardoboff.org/2024/08/15/o-que-e-bem-estar-planetario-possivel-dentro-da-atual-ordem/  

https://jornalggn.com.br/meio-ambiente/o-grito-da-terra-por-leonardo-boff/

https://leonardoboff.org/2023/11/16/os-crimes-de-guerra-em-gaza-a-demencia-da-razao-e-a-falta-de-coracao/  

https://www.instagram.com/p/DAdiYavJNq8/?igsh=cGprNWl3eDNwcWVh 

https://anitadimarco.blogspot.com/2024/07/ecos-humanos-igualdade-e-equidade.html)