quinta-feira, 17 de abril de 2025

Ecos Urbanos | Consciência cada vez menor

Quando algum órgão público vinculado à questão urbana fala sobre cidades, um dos temas mais abordados refere-se à urgência de conscientizar a população como um todo, sobretudo no que se refere a temas como saneamento básico, habitação, mobilidade urbana e transporte,   equipamentos e serviços de saúde e educação, patrimônio histórico, coleta de lixo, meio ambiente, áreas verdes etc. Fala-se o tempo todo em ações do poder público para criar mecanismos e promover educação em geral: patrimonial, ambiental, urbanística etc.

Sim, educação. São atitudes válidas e corretas, com certeza, mas sem educação essencial básica, vinda de casa e da escola, nada vai mudar. Se sou pessimista? Normalmente, não, mas a cada dia que passa, sinto que estamos afundando cada vez mais como sociedade, como humanidade. Ou então, o que é bom está atuando tão discretamente e é tão pouco noticiado que só o malfeito aparece.

É comum vermos ações de destruição do nosso patrimônio; eventos climáticos extremos acontecem dia sim, dia também; a falta de educação e respeito (em geral) no trânsito, às normas urbanas de convivência em espaços públicos, estacionamentos, na implantação de loteamentos e de projetos que formam a cidade, atos de vandalismo, equipamentos e serviços inadequados, déficit habitacional cada vez maior, apesar dos programas existentes e mais uma infinidade de situações. 

O poder público tem o dever de fornecer  condições dignas de moradia, serviços e equipamentos de qualidade à população, sem dúvida. É urgente lembrar todos os dias que a gestão de uma cidade, de um estado e de um país fica nas mãos de políticos, mas a consciência de "para quem governam e para que foram eleitos" parece estar sendo ofuscada por interesses individuais e de certos grupos. Esse é um ponto crucial: devolver essa consciência aos políticos, ao menos àqueles que, um dia, já a tiveram. Fazer o melhor à sociedade com esse trabalho é consequência dessa consciência. Aliás, o pagamento a vereadores e deputados deveria ser repensado, não? Mas isso é tema para outro texto.

Como toda moeda tem dois lados, o outro lado é a sociedade. Regras e normas, legislação urbanística, leis de loteamento e de uso do solo, código de obras e de posturas e outras mais. Para quê? Quero crer que os técnicos, em geral, até tentam, eu mesma já briguei muito por essa causa, mas... Se olharmos nossas cidades, é fácil perceber que não estou exagerando. Não vou ficar me repetindo, mas quase não vejo luz no fim do túnel. Quando observamos cidades europeias em documentários, filmes ou ao vivo, com suas edificações uniformes, de altura compatível com a escala humana, paisagem urbana agradável e harmônica, ruas acompanhando as curvas de nível e algum tipo de verde em vasos, floreiras ou arbustos, espaços urbanos agradáveis e seguros, como largos ou praças... dá uma inveja danada!

Vá lá! Você pode até argumentar que aquelas cidades são muito mais velhas que o nosso Brasil (que só tem 500 anos), que também passaram por fases de autodestruição, como de fato passaram, etc. etc. etc... Mas mesmo assim, fico muito triste com a falta de consciência das pessoas em geral, políticos e sociedade (não excluo ninguém), sobre a necessidade de cuidar do que é de todos em termos coletivos: das nossas cidades, dos parques, espaços públicos e áreas verdes, equipamentos urbanos, patrimônio, ruas e largos, enfim... Onde vai dar tudo isso? Não me pergunte, minhas hipóteses não são as mais promissoras.

12 comentários:

  1. Come sempre ,quando parli della cosa pubblica tocchi un problema generale ,anche da noi e in Europa in genere,ci sono grossi problemi ambientali,patrimoniali e soprattutto urbanistici tanto che negli ultimi anni bastano poche piogge per arrecare gravissimi danni.Si dice " tutto il mondo è un paese". Un caloroso abbraccio,ciao Tonino

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  2. Ciao, Tonino... come stai? Grazie per il tuo commento, sempre cosi diretto. Vediamo cosa possiano ancora fare...però una cosa che non possiamo neppure dobbiamo fare è arrendersi... Grazie e un forte abbraccio

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  3. Anita, sua reflexão vai de encontro com a do Mastrobuono, cada qual reforçando a falta de vontade política para a conservação de nosso patrimônio e de uma visão estratégica para nossas cidades e paisagens. Tudo muito preocupante. Vc sabe que querem implantar uma tirolesa no Pão de Açúcar? Tem gente pra tudo…. Bjs e obrigada pelo seu engajamento cultural. Sou sua grande fã e tenho muito orgulho da nossa amizade, mesmo distante. Boa Páscoa! Namastê🙏

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    1. Mariangela, querida, vc não assinou mas sei que é vc por citar o Mastrobuono. Obrigada por suas palavras...Acredito que tem gente para tudo, por isso mesmo, quem tem consciência e conhecimento não pode desanimar...Às vezes, vou aos trancos e barrancos, mas vou. Vc também já fez muito isso e segue fazendo... beijo grande.
      Em tempo: a admiração é recíproca!

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  4. De fato, Anita, não está fácil ser otimista. Continuo acreditando no papel dos conselhos deliberativos com participação popular na definição e controle das políticas públicas. Mas a coisa tá braba... Zé Marcelino

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    1. Oi, Zé. Verdade, os conselhos são uma saída, mas as pessoas precisam se preparar para atuar com força e determinação, senão.... mas vamos em frente porque atrás vem gente. Beijos e obrigada

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  5. Muito bom seu texto. Quem sabe um dia exista uma conscientização maior e uma educação de mais consciência. Bebel

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    1. Ė o que mais ocupa minha mente, conscientização geral, para tudo... ...sabe aquela voz interna? Pois é... Beijos, querida...

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  6. Texto reflexivo e nos chama para cada um fazer a sua parte. Você a faz com consciência . obrigada . Parabéns! IsaRe

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    1. Oi, querida. Consciência é nosso norte, certo? Lá no fundinho, sempre sabemos o que devemos fazer .. beijos

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