Em meio às minhas leituras, encontrei um artigo bem interessante de Pedro Valadares, professor de português, revisor de texto e autor do site Clube do Português, dedicado à língua portuguesa e à literatura. O artigo, A camisa vermelha da seleção e a lógica do clique, falava sobre a febre dos cliques e a consequente manipulação de amplas camadas
do público leitor. Valadares mostrou como a simples divulgação de um fato, a "suposta" inserção da cor vermelha em uma segunda camisa da seleção brasileira de futebol, explodiu a cabeça de muita gente e virou um monstro pegajoso e sem
forma. Ele ainda destacou que a grande mídia (falada, impressa ou digital) pura e simplesmente reproduziu a notícia, em
vez de, antes, pesquisar e se aprofundar no assunto para verificar a veracidade da informação.
Conclusão: milhares de
cliques, memes, vídeos sobre a tal "notícia". Como se diz na linguagem digital de
hoje, a mensagem viralizou. Como Valadares ainda realçou, o mais
preocupante é que “mesmo que seja desmentido depois, o estrago já está
feito” e o efeito disso nós sabemos
muito bem. Basta ver a história recente do nosso país, de tantos países, invasões e guerras por aí.
Tristes
tempos esses nossos em que as pessoas fazem ou assinam embaixo de qualquer coisa só porque "todo mundo faz"... Assumem
qualquer mensagem lida como verdade e vão compartilhando loucamente, divulgando e
clicando, sem parar para refletir, sem pensar na lógica do que foi lido, sem
questionar os fatos, sem sequer saber de onde vem a informação, sem dar a
devida dimensão histórica ao fato. Enfim, sem exercer o menor pensamento
crítico. Fico chocada com esse tipo de
atitude, muito mais comum hoje em dia do se pode imaginar.

Aliás não é só nos cliques que essa atitude
de manada se repete. Acontece também nas “modas” passageiras, no mau “exemplo”
daqueles que têm “superlativos” justapostos ao seu nome e no que os denominados “infuenciadores”
dizem e fazem. Por tudo isso, nesses nossos tempos, a ética e o pensamento crítico de
quem escreve são, cada vez mais, necessários, urgentes e imperativos. Considero tudo isso muito triste e, para amenizar esse desconforto e essa tristeza, cito o educador, psicanalista e escritor Rubem Alves (1933-2014): “As palavras só têm sentido se
nos ajudam a melhor ver o mundo. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.” Se nem isso conseguimos fazer, o momento é muito mais delicado do que
supúnhamos.
Em tempo:
só lembrando que o tom avermelhado pode ser associado ao pau-brasil (Paubrasilia echinata), madeira de onde
deriva o nome do nosso país.
Referências
https://clubedoportugues.substack.com/p/a-camisa-vermelha-da-selecao
https://anitadimarco.blogspot.com/2019/04/ecos-literarios-gramatica-da-manipulacao.html
https://www.clubedoportugues.com.br/
https://www.instagram.com/clubedoportugues.com.br/
https://www.youtube.com/c/PedroValadares
Só tem influêncers porque tem idióters.
ResponderExcluirO pau-brasil de fato sempre foi... vermelho.
ResponderExcluirO problema nunca começa com escolher a cor de um uniforme.
ResponderExcluirComeça com precisar de um uniforme...
Bom dia, Anita. O efeito manada assusta e agora as manadas são cultivadas nas bolhas da web. Lembrei-me de um caso Bom. Um grupo de amigos de esquerda na USP nos anos 80 adorava futebol. Mas na ditadura pegava mal. Então criaram a Máquina Vermelha. Batem um bolão até hoje. Zé Marcelino
ResponderExcluirZé, vc tem que escrever um livro com suas milhões de histórias... Abração...
ExcluirEsse problema sempre existiu, mas se multiplica desenfreadamente devido à internet e mídias sociais. E ninguém, ou muitos poucos, procura verificar os "fatos."
ResponderExcluirExatamente, mas me parece cada dia pior... essa questão de likes virou um monstro.,... Cada vez mais me lembro de Umberto Eco... a internet deu voz a milhões de imbecis.... Triste, muito triste... obrigada, Cris. beijos
ExcluirBom texto! A cor vermelha é Viva.Bebel!
ResponderExcluirTriste realidade , pois com o propósito de estar sempre antenado, ler, reler, pensar, refletir, são desprezados. O imediatismo impera: curtir, curtir para poder compartilhar.
ResponderExcluirLamentável.
Estamos num tempo desafiador, que requer, mais do que nunca, pensamento crítico...será que sairemos dessa? Abração, querida.
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