
O pedestre, o cidadão e os moradores merecem mais. Afinal, a lei garante, a todos, o direito constitucional de ir e
vir por calçadas seguras. Na teoria, a faixa
por onde o pedestre caminha (não a destinada à arborização e aos equipamentos urbanos) deve oferecer ampla acessibilidade, ser segura, nivelada e contínua sem obstruções de
qualquer natureza e pavimentada com material resistente, antiderrapante, de fácil manutenção e, de preferência, drenante, para uma melhor permeabilidade e drenagem do solo.
Quando bem executadas, com largura adequada, sem os terríveis degraus (que, por vezes, avançam na faixa de rolamento dos carros), desníveis ou obstáculos, as calçadas devolvem a cidade aos pedestres.
Tornam-se áreas de convivência, salas de estar das cidades. As pessoas têm mais segurança e se deslocam sem problemas, caminham
mais e melhor, melhoram sua saúde e o bom humor, conversam mais com outros, mães saem confiantes com seus carrinhos de bebês, idosos caminham sem sustos e temores. Isso aumenta o uso do
espaço público e quanto mais gente nas ruas mais segura a cidade fica. É o
que admiramos e buscamos.
Bom, em princípio, quaisquer calçadas deveriam
permitir uma caminhada segura. Parece
óbvio, não? Infelizmente, não é o que se vê por aí, seja nas cidades pequenas cidades seja nas grandes
capitais. Há bairros e bairros, vizinhanças e vizinhanças. Não me perguntem o motivo. Só relato o que meus olhos de urbanista veem nas minhas andanças (e olhem que só selecionei poucas fotos). Hoje em
dia, quilômetros e quilômetros de calçadas, são verdadeiras pistas de
obstáculos, obrigando o pedestre a caminhar inclinado nas calçadas, quase escorregando na direção da rua e, o tempo todo, desviando dos "n" objetos estranhos espetados aqui e ali, ou a andar pela via pública, correndo o risco de
ser atropelado e ainda atrapalhar o próprio fluxo de veículos.



QUEM É O
RESPONSÁVEL?

Em outros lugares é diferente. Em Nova York, por exemplo,
os proprietários dos lotes são responsáveis por instalar,
reparar e manter a calçada limpa. O poder público fiscaliza e notifica os
responsáveis e, caso o conserto não seja realizado, a cidade pode resolver o
problema e enviar a conta ao proprietário.
Desde 2007, Los Angeles deveria realizar os reparos nas calçadas, mas hoje a maioria deles fica por conta dos moradores. Washington
D.C. se responsabiliza pela manutenção das calçadas, mas diz que reparos permanentes dependem de recursos. Londres se ocupa de 1.500
quilômetros de calçadas por ano, investindo mais de um milhão de libras, mas também avisa que reparos permanentes podem demorar até quatro anos. Em outras cidades, a responsabilidade é compartilhada,
a depender de quem causou o estrago nas calçadas. Há também aqueles que acreditam que essa
responsabilidade deveria ser do poder público municipal, argumentando que a
calçada é extensão da via pública.


No entanto, a questão também é séria nos novos bairros e loteamentos que propõem uma calçada ridícula, quando o fazem. Há que se pensar também no pedestre, e não apenas nas faixas de rolamento dos carros. Afinal, quem dirige os carros são pedestres que estão atrás do volante e, para terem acesso aos carros, é imperativo utilizar algum trecho de calçadas.

Mas, qualquer que seja o responsável, poder público, proprietário ou inquilino do lote em questão, mais do que cumprir a lei, construir uma calçada segura e confortável é dever de todos e um exercício de cidadania. Todos têm o direito de circular em segurança e livremente pelas calçadas. Todos sentem prazer em caminhar em um lugar assim. Assim, o benefício será para a sociedade e para a cidade, como um todo.
Isso (também) é yoga na prática, já que a ética do yoga aplica-se a tudo, sem exceção. É dever de cada um fazer o melhor que puder para não atrapalhar a vida do outro. Isso também é asteya, o terceiro yama do código de ética do yoga de Patanjali: não roubar do outro...o direito, no caso, a uma caminhada tranquila e sem riscos nas calçadas do mundo.
Acidadequequeremos:https://cidadequequeremos.wordpress.com/adote-uma-calcada/
Goiânia: http://www.goiania.go.gov.br/portal/home.asp?s=1&tt=con&cd=4349
The City Fix: http://thecityfixbrasil.com/2015/04/01/nossa-cidade-os-oito-principios-da-calcada/ ; Paula Santos Rocha in http://thecityfixbrasil.com/2015/04/15/nossa-cidade-a-calcada-e-seus-varios-donos/
Referências
e Imagens: