Já vimos que
o YogaSutra, compêndio codificado pelo sábio indiano Patanjali, é subdividido
em quatro padas ou bases de sustentação: Samadhi
Pada: capítulo
sobre meditação e iluminação; Sádhana
Pada: capítulo sobre a prática; Vibhutti
Pada: o capítulo sobre poderes e
conquistas; Kaivalya Pada: o capítulo sobre a libertação. No segundo livro desse volume, no Sádhana
Pada, está o Ashtanga
Yoga, que vai explicar e organizar o sádhana (prática)
do sádhaka (praticante). Aí, Patanjali divide a prática em
oito passos, que caminham mais ou menos juntos, com vistas à integração final,
o Samaddhi. Os oito passos são:
Yama e Niyama (o que evitar e o que cultivar), Asana(postura),
Pranayama(controle do prana), Pratyahara(controle dos sentidos), Dharana
(concentração), Dhyana(meditação) e Samaddhi (integração).
Os dois primeiros constituem um código de conduta,
divididos em cinco restrições [yama] e cinco observações a serem
cultivadas [niyama]. Juntos constituem um corpo de
princípios éticos universais que podem melhorar o relacionamento do praticante
consigo mesmo e com os outros. Tão nobres prescrições deveriam fazer parte
do esforço de desenvolvimento de todos, mas o praticante de yoga deve procurar
levá-los à perfeição.Os cinco yamas são: Ahimsa (não
violência, mansidão, base do yoga); Satya (verdade); Asteya (não
apropriação, não roubar); Brahmacharya (controle do
desejo; moderação); Aparigraha (não acumulação,
desapego). Os cinco niyamas são: Saucha (pureza), Santosha (cultivo
da alegria interior); Tapas (austeridade; autodisciplina); Svadhyaya
(autoestudo e estudo dos textos sagrados); e Isvara Pranidhana
(devoção, entrega a um ideal).
Apontando a direção a seguir, esse indicador
de conduta ética é como uma bússola para o praticante. Para seguir nessa
direção, é preciso um estado de permanente atenção; é
preciso exercitar uma vontade firme e deixar de agir como autômato, mero
repetidor maquinal de ações e palavras. É preciso agir, a cada dia, com discernimento (viveka) e praticar. Não importa a ordem em que se
pratica, ou por qual princípio começar. O importante é praticar e, aos poucos, você vai percebendo como as prescrições estão entrelaçadas e como
interferem umas nas outras. Com o tempo, você vê seus esforços serem, pouco a pouco,
recompensados. Começa a perceber mudanças - sutis a princípio - mas que, com o
tempo, se transformam e se consolidam em seu modo de agir. Namastê!
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