sábado, 19 de dezembro de 2015

Memória & Vida: As pedras do caminho...

 Fotos: Anita Di Marco

Pedras e rochas me atraem. Construções primorosas da mãe natureza, apropriadas pelo homem, as pedras testemunham nascimento, vida e morte de sociedades e civilizações. Gravam tudo e emudecem. Arquivam o que a humanidade esconde, esqueceu ou procura ignorar. Falam de glórias e louvores, mas também de tragédias e horrores; de trabalho insano e maestria; de tempos idos, longínquos, de ações constantes, lentas, repetidas vezes, ao longo do tempo eterno da natureza. Falam de solidez, permanência e eternidade.  
Stonehenge: Imagem English Heritage 
 MachuPichu. Foto: Júlia Di Marco Alves
 MachuPichu. Foto: Júlia Di Marco Alves
Pedras se prestam a uma infinidade de atividades humanas: às artes da adivinhação como em Corinto (Grécia), na Turquia e no Egito; à contemplação como em Stonehenge; à inspiração como no Tibete e nas montanhas do Himalaia; à representação como em Taormina, Epidauro ou Verona; a tragédias e jogos cruéis, como no Coliseu; à adoração, devoção e cura como nos antigos templos pré-colombianos, indianos, tailandeses etc.; ao desenvolvimento da maestria no trato com a matéria-prima, como nas grandes catedrais e monumentos; à constatação do tempo e da ação inexorável da natureza, como em Vila Velha, no Grand Canyon e nas falésias e fiordes pelo mundo; à construção e ao abrigo como em todo o mundo, à simples observação como ao longo dos caminhos e nas margens pedregosas de lagos, mares e rios, ou como matéria-prima de grandes poemas.    
   
Taormina. Imagem Wikipedia   
  
Epidauro, Atenas. Imagem: Atenas.net
 Não coleciono. Apenas aprecio e, às vezes, junto pedras catadas, trazidas, achadas em vários lugares. De uma visita às praias gregas e ao sul da antiga Iugoslávia, ainda trago na memória dois detalhes: o azul inacreditável do mar e de olhar, olhar e olhar muitas e muitas vezes para o chão, seduzida por aquela ‘praia’ coberta de lindas pedras, de todos os tamanhos e cores, pequenas esculturas com suas arestas polidas e arredondadas pelo tempo, pelo vento e pelas águas...     
Vila Velha, PR. Imagem:  Wikipedia
Dos passeios nos Alpes, nos Andes, na Chapada dos Guimarães, em Itatiaia, ou de caminhadas a esmo, de observações respeitosas a ruínas arqueológicas, de visitas técnicas a pedreiras e áreas descampadas, de todo lugar onde fui e vou, surgiram e surgem pedras e seixos – rolados ou pontiagudos, grandes ou pequenos, lisos ou ásperos, miniaturas da mãe natureza.  
Rochas sedimentares. Imagem: http://www.infoescola.com/geologia/rochas-sedimentares/  

Praias de Pedras. Imagem: Wikipedia
Hoje, quando quero voltar àqueles lugares únicos por onde andei, pego minha bela ‘coleção’ de pedras e, imediatamente, sinto a magia daqueles lugares distantes. 

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