O conceito da invisibilidade do tradutor é recorrente nos seminários e encontros entre tradutores e intérpretes e, em
geral, está ligado à qualidade do texto traduzido. Quer dizer, quando a tradução é
boa, quando o leitor ao lê-la tem a mesma experiência produzida no leitor da
língua de partida, quando o leitor não percebe que está lendo um texto
traduzido.
Capa da invisibilidade/Harry Potter. blogdebrinquedo.com.br |
Os
tradutores são seres pensantes, criadores, respeitosa, mas orgulhosamente,
visíveis em “suas” obras, não ilegítima, mas forçosamente: sem sua criação, os
autores não se fazem visíveis, mesmo para quem conhece línguas estrangeiras. O
tradutor [...] estabelece, firmes pontes entre culturas, entre modos de
estruturar o mundo por meio da linguagem viva, a linguagem que se dirige a
alguém, em vez de jazer rígida “em estado de dicionário”. (1)
No entanto, muitas vezes, o tradutor fica invisível,
literalmente, porque resenhistas, editoras e jornalistas se esquecem de
mencioná-lo ao falar do lançamento de livros estrangeiros. Porém, se não houvesse
o tradutor, o livro não seria lido na nossa língua. Ou então, tornam-se
visíveis, negativamente, quando surge algum deslize. Ora, erro da tradução é uma coisa e não deve ocorrer, mas erro na tradução pode acontecer, sim.
Portanto, se por um lado a invisibilidade do tradutor é associada a um bom
resultado final, por outro, o profissional também deve ser lembrado pelo mesmo motivo. Se estiver lendo um livro traduzido e perceber que a
leitura flui fácil, sem nenhuma sensação de estranhamento, seja em
termos do vocabulário ou da sintaxe, morfologia e uso corrente da língua e
mais ainda, sem que você perceba que está lendo uma obra traduzida, acredite: o
tradutor parece invisível, mas não é.
A propósito, parabéns aos tradutores pelo seu dia, 30 de setembro.
Nota:
(1)
Palestra do tradutor Adail Sobral em:
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