Já comentei aqui sobre o Festival de Vida Sustentável - LivMundi, evento realizado virtualmente em outubro último, que objetiva dialogar e despertar a consciência para proteção do outro, do meio ambiente e para uma vida mais saudável e mais relacionada com o invisível. Um dos temas abordados foi Vida em rede, que destacou a necessidade interromper a forma individual de pensar, uma vez que vivemos em rede e já foi provado que cada atitude nossa tem impacto no todo. A pandemia de Covid-19 nos mostrou isso de forma cristalina. Essa inter-relação, de forma muito didática, foi trazida pela Dra. Lygia da Veiga Pereira, professora do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo - USP, pesquisadora e coordenadora do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE USP), laboratório que desenvolve pesquisas voltadas ao tratamento e à cura de diversas doenças. Para conhecer mais sobre essas pesquisas ouça uma entrevista dela aqui.
A pesquisadora, que é também coordenadora do Projeto DNA do Brasil, iniciou sua fala no Festival mostrando a imagem de uma célula e fazendo uma pergunta-chave:
- Como é que passamos de seres unicelulares, que já fomos, e chegamos à complexidade do ser humano?
De maneira didática, explicou que a multiplicação das células, dando origem aos diferentes tipos de células de um mesmo indivíduo, ocorre de forma organizada porque segue a receita presente em seu núcleo, ou seja, a sequência completa do DNA (ácido desoxirribonucleico), o genoma humano (composto por 3,2 bilhões de letras), ou ainda, o conjunto de todos os genes de um ser vivo. Ao ler esse genoma, aquela célula consegue se multiplicar e se transformar em um indivíduo único. Salientou que temos 20 milhões de genes no nosso genoma e que, hoje, não existe um só genoma humano, mas mais de 7 bilhões.
Então, ela lançou uma segunda pergunta que escancara o que muitos insistem em não ver e cuja resposta foi melhor ainda:
- Quando o genoma, o DNA, de duas pessoas é idêntico?
Dra. Lygia explicou que somos 99,9% idênticos, o que significa que as desigualdades, as diferenças entre cada ser humano (raça, cor dos olhos, cabelo, feições) concentram-se no ínfimo índice de 0,01% do nosso DNA.
Será que ficou claro ou ainda é preciso desenhar? Ou seja, os resultados do Projeto DNA do Brasil, coordenado por ela, mostram que somos o produto de um cadinho onde se misturaram, em diferentes proporções, caucasianos (brancos), índios, europeus e africanos. Quer dizer, o brasileiro não tem uma “feição” única, típica e marcada, porque somos todos, em maior ou menor grau, produtos dessa mistura. Dra Lygia destaca ainda que, ao investigar nossa ancestralidade, as pesquisas têm demonstrado que é possível recuperar genomas de africanos de diversos locais da África, de vários brancos e até mesmo de índios que já foram extintos, mas que sobrevivem no brasileiro atual.
Resumo da ópera: gostemos ou não, aceitemos ou não, o povo brasileiro é fruto dessa mistura maravilhosa de raças. Mais do que nunca, a Ciência e as pesquisas desenvolvidas na universidade pública provam que a vida se organiza em rede, que o que ocorre com um só indivíduo afeta o todo e que somos todos um. Tudo isso mostra o que a filosofia Ubuntu, registra lindamente em suas histórias: Sou o que sou porque nós somos!
Ubuntu para todos nós! Viva a consciência da unidade, viva a ciência, viva a universidade pública gratuita, plural e de qualidade!
Referências:http://jornal.usp.br/radio-usp/radioagencia-usp/a-importancia-das-pesquisas-com-celulas-tronco/ .
https://www.youtube.com/watch?v=tHmrmDw_Nd0
Mais um texto muito esclarecedor. Obrigado, mestra!
ResponderExcluirUbuntu!
ResponderExcluirEsta compreensão sistêmica felizmente está chegando à humanidade. Devagarinho, mas tá. Ubuntu!
ResponderExcluirSim, é que o inverso ainda faz muito barulho, mas está, sim. Obrigada pela visita. Bj
ExcluirBom texto Anitinha!Ubuntu!!
ResponderExcluirUm texto muito a propósito das situações problemáticas que o mundo vive hoje. Parabéns por nos trazer essas informações.
ResponderExcluirO nome/conceito Ubuntu também é usado para um sistema operacional de código livre baseado no Linux.
Exato, Victor! Viva o Linux, também! Um abraço e obrigada por comentar...
ExcluirOi, Anita, gostei muito da sua explicação sobre essa filosofia. Também sempre achei que somos todos um. Se uma coisa boa acontece a um, pode então se realizar para todos. Abraços
ResponderExcluirÉ linda a filosofia Ubuntu, como tantas outras que vêm de outros povos da África e do Oriente. Abraços
ExcluirVivaaaa
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