quarta-feira, 2 de março de 2022

Ecos Arquitetônicos | Escola do futuro Espaço Geek

Embora não valorizada como se deve em todos os lugares, a educação é vital na qualidade de vida, física, mental e emocional de um povo. Aprender pressupõe interesse, discussão, troca e estímulo ao pensamento crítico. Pressupõe abertura de horizontes e desenvolvimento individual e, portanto, de um grupo. É fato o quanto se pode aprender em livros, aulas, viagens, leituras, seminários, discussões, na literatura e mesmo em transmissões virtuais. A pandemia da Covid-19 aumentou absurdamente a quantidade de eventos online dos mais variados assuntos (teatro, música, literatura, yoga, tradução, revisão, urbanismo, meio ambiente, patrimônio, habitação social etc.). Com isso, a pandemia conseguiu dissolver panelinhas, abrir portas, escancarar horizontes, aproximar pessoas, divulgar conhecimento e promover relacionamentos. Que essa cultura virtual abrangente permaneça depois da pandemia é o meu mais profundo desejo! 

Em outras palavras, a tecnologia chegou para se implantar definitivamente na nossa vida cotidiana, pois hoje nenhum campo do saber, nenhum tipo de conhecimento prescinde da tecnologia. Por tudo isso, fiquei  encantada com a proposta do Prisma Espaço Geek, um espaço público gratuito da prefeitura de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, cuja proposta é garantir aprendizagem criativa a diferentes tipos de leitores. Algo maior e muito mais abrangente que uma biblioteca e, como sempre digo, bibliotecas públicas são essenciais em qualquer cidade. 

Explico. O espaço cultural, tecnológico e educacional PRISMA: Estação Cultural da Gare, vinculado à Secretaria de Educação de Passo Fundo (RS), foi criado em maio de 2019 como “um espaço geek de leitura e autoria, do impresso ao digital, abrangendo literatura, educação, cultura,  artes, tecnologia e games”. Seu objetivo é desenvolver nos seus jovens usuários e crianças as competências necessárias  ao mundo contemporâneo, cheio de tecnologias inovadoras que se modificam o tempo todo. Não é demais?

 

Sem dar chances para a pandemia congelar o aprendizado, o Prisma Espaço Geek criou uma série de oportunidades remotas envolvendo professores, aprendizes e alunos da cultura digital. Realizou inúmeras atividades remotas, da pré-escola ao ensino médio, como aulas e rodas de conversa geek, com história em quadrinhos, filmes, games, mangás, animes, fandoms, fanfics,  narrativas, jogos de tabuleiro, RPGs, de cartas, eletrônicos, impressora 3D, kits de robótica, lousa digital, literatura infantil, juvenil e adulta, periódicos digitais e impressos etc. O grupo criou até mesmo um glossário geek! Acredite se quiser! Eis alguns dos termos listados: cringe, ship, bazinga, bug e por aí vai. Confesso, que fiquei bem por fora.

As ações de curadoria e coordenação estão a cargo de duas professoras e pesquisadoras: Tânia Mariza Kuchenbecker Rösing, mestre e doutora em Teoria Literária pela PUC-RS (1994), com pós-doc pela Universidade de Extremadura/Espanha; e Maria Augusta “Guta” D’Arienzo,  professora da rede municipal, mestre e doutoranda em Educação, pela Universidade de Passo Fundo. Ambas reforçam que, hoje, bibliotecas são muito, muito mais que apenas locais de depósito e troca de livros. Envolvem ainda aprendizagem, leitura, formação, midiateca, ou seja, locais de aprendizado, mas também de fruição lúdica. 

Para montar o Prisma, as educadoras pensaram com as linguagens do mundo atual, criando a proposta de um espaço de aprendizagem criativa para oferecer, gratuitamente, a cultura digital a jovens que, hoje, não têm acesso a esse universo. Se no processo de aprendizagem, o professor é visto como mediador e o aluno como elemento autônomo, o Prisma caracteriza-se pelo “pensar brincando” e pela “paixão pelo aprendizado e pela diversão”. Afinal, há várias formas de aprender, ou, como disse o jornalista Luiz Carlos Lisboa (1929) “é tempo de desaprender” (ler aqui).

E, afinal, o termo geek? Bom, todo mundo sabe que nerd é aquele estudante que sabe tudo, que não perde aula e faz todas as tarefas pedidas. Pois bem, geek é mais do que nerd, porque é desse tempo, desse mundo digital. É alguém que gosta de séries, assiste a filmes, tem interesse em mangás, história em quadrinhos, robótica, em jogo de cartas eletrônico e por aí vai. Are you a geek? De qualquer forma, os geeks também têm que sair do mundinho deles e ter paciência com quem não entende de tudo aquilo. questão de convivência e respeito.

Quanto ao edifício, esse espaço da cultura geek, simbolizado por três palavras: educação, cultura e tecnologia, foi construído com recursos de várias empresas, via lei de medida compensatória. O projeto arquitetônico é da arquiteta da prefeitura de Passo Fundo, Mariela Colpani, que trabalhou em constante diálogo com as coordenadoras do Prisma e sempre pensando no cliente e usuário daquele projeto.

Confesso que fiquei impressionada e encantada com a proposta por trás desse projeto. Parabéns às organizadoras, às curadoras, aos arquitetos e à prefeitura de Passo fundo. Um viva aos gaúchos, tchê, que embarcaram nessa! Que valorizem sempre e cada vez mais a literatura, o aprendizado, o que é público, amplo, democrático, coletivo e inclusivo, sem exceções!

 

Referências:

Instagram: @prismaespaçogeek |

https://prismaespacogeek.org/

10 comentários:

  1. Anitaaaa!!! Você sabe que adoro seus posts, pois, através deles conhecemos muita coisa que está ao nosso redor que nem sequer sabemos ou na verdade damos importância. Adorei saber que existe um espaço como esse e de livre acesso a todos. Que essa iniciativa seja exemplo e estímulo para que outros estados possam aderir a ideia. Confesso que tive vontade de visitar esse espaço e conhecer mais a fundo esse trabalho maravilhoso que realizam. Obrigada por compartilhar conosco!! Bjos!!!

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    1. Querida Sherrine (assine da próxima), eu tbm fiquei com vontade de conhecer. Esse nosso Brazil tem coisas incríveis. Temos e que descobrir e divulgar... Bjs

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  2. Muito interessante.
    Há necessidade extrema de espaços públicos destinados a atividades de alguma arte.
    Voltar ao tempo das academias da era clássica.
    E não manter os guetos de milionários entediados, que se tornaram um padrão difundido.

    Por sua vez, não sou muito simpático a geeks. Vivem no tal metaverso e muitas vezes não conseguem se relacionar com dar o tempo para quem não é da panela.
    Funcionam como castas e guetos.

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    1. Oi, Boppe, obrigada por comentar. Gostei demais do fato de ser público e com uma qualidade excepcional ...direito de todos, né? Vc tem razão... Quanto aos geeks fechados em seu mundinho, eles também vão aprender a compartilhar. Pelo menos, assim espero ... Bjs

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  3. Anita, a cada novo texto seu aprendo mais alguma coisa! Muito obrigado por esta oportunidade! Bjs

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  4. Oi, Aruam. Vc é um dos meus leitores mais atentos. Obrigada pela presença e apoio constantes .. bjs

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  5. Gratidão Anita em abrir seu leque de diversidades. Amplidão de experiências torna o conhecimento abrangente. Retorno acelerado às descobertas, pois é tempo de expansão e crescimento. Sigamos em frente com o novo. Que seja auspicioso . Namastê!

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  6. Gratidão Anita em abrir seu leque de diversidades. Amplidão de experiências torna o conhecimento abrangente. Retorno acelerado às descobertas, pois é tempo de expansão e crescimento. Sigamos em frente com o novo. Que seja auspicioso . Namastê!

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  7. Oi Anitinha! Seus textos sempre nos trás aprendizado. Como é bom saber que tem pessoas gabaritadas pensando no próximo. Parabéns à Passo Fundo!

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