sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Línguas & Poesia: Quintana, nuvem e vento

Poetas são capazes de expressar o que carregamos na alma e, muitas vezes, só percebemos depois; ou expressam o que jamais pensamos que diríamos, mas quando lemos seus poemas, algo se agita em nós.  


Como assim? Será que pensei alto ou será que alguém leu meus pensamentos? Ou os pensamentos são todos iguais? Será que todos vêm de uma só fonte, de onde absorvemos os nossos? E aí costumo dizer: Uau! Bem no between! Truco! Batata! Acertou em cheio e outras invencionices minhas, ou anitices!
 
Poetas, compositores, artistas são seres que vão além, escutam o inaudível e enxergam o invisível.   
Canção de nuvem e vento 
Mário Quintana (1906-1994)

Medo da nuvem
Medo Medo
Medo da nuvem que vai crescendo
Que vai se abrindo
Que não se sabe
O que vai saindo
Medo da nuvem
Nuvem Nuvem

Medo do vento
Medo Medo
Medo do vento que vai ventando
Que vai falando
Que não se sabe
O que vai dizendo
Medo do vento
Vento Vento

Medo do gesto
Mudo
Medo da fala
Surda
Que vai movendo
Que vai dizendo
Que não se sabe...
Que bem se sabe
Que tudo é nuvem que tudo é vento
Nuvem e vento
Vento Vento! 
  
Fotos: Anita Di Marco
Referências:

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