quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Memória & Vida: Saudade, palavra doce... Será?

 
A foto acima é das últimas fotos dele que tirei, no Horto Florestal em SP. Pascoal e seus inseparáveis acessórios: boné e bengala  

Agosto me traz à lembrança a morte de pessoa querida e muito importante na minha formação: meu pai, Sr. Pascoal, ou Pasquale, como muitos o chamavam...italiano, carcamano, calabrês...
Dizem que sou parecida com ele, sobretudo em meus momentos de impulsividade (aquele que não tiver esses momentos levante a mão [!!!], ou está mentindo). Quando tenho meus rompantes e arroubos impulsivos, meus filhos, carinhosamente, me chamam de Pascoalzinho... Em parte, acho que têm razão e fico envergonhada desses momentos... Juro que estou trabalhando nisso.
Mas, além dessa herança, ele me passou muitas coisas que ficaram firmemente gravadas em mim, como noções de ética, integridade e honestidade; de lealdade e amor à família e ao trabalho. Acho que trago tudo isso em mim. Logo depois que ele se foi, escrevi esse texto para meus familiares. Acho bastante atual e republico aqui, por ocasião do sétimo ano de seu falecimento.                       

* * * * * 
A morte nos ajuda a redimensionar nosso olhar sobre a vida, seus valores e acontecimentos, enxergando e valorizando o que de fato interessa, procurando viver com mais sabedoria, discernimento e compaixão; sobretudo porque, no caso do pai, é a grande célula familiar que começa a se romper. Sabemos ser inevitável, mas nem por isso é menos doloroso. Devemos ter em mente as boas lembranças, deixar que a saudade seja companheira suave a nos fazer sorrir e, assim, trazer a pessoa que partiu para perto do coração. Mas sem revolta.  
Dói, é verdade e é natural, mas não precisamos sofrer com isso. Cada um faz o que tem que fazer, nós também. E a hora da partida chega para todos. Na escola da vida, há um momento em que temos que passar de ano ou mudar de fase, queiramos ou não; é inevitável e independe de nossa vontade.
O que depende de nós é fazermos nosso melhor sempre, a cada dia, em cada atividade, olhando para o outro como olharíamos para nós mesmos; agindo em conformidade com nossa origem divina comum... Agindo assim, não há razão para temer a morte. 
A saudade vem, é fato, mas temos as boas lembranças e a herança que carregamos desde sempre – meu jeito meio bravinho e radical é herança dele, minha retidão e senso de justiça também, o vestir a camisa a todo custo, idem; enfim, cada um recebeu parte maior ou menor dessa herança, temos é que honrá-la. Como disse, a dor da perda é inevitável, o sofrimento não.
Acho que a música Epitáfio vem bem a calhar: aplicar o que sabemos hoje, para não nos lamentarmos depois. Só acho que não é o acaso não vai nos proteger; nossas atitudes é que irão nos proteger e preparar-nos para quando chegar nossa hora.
Anita Di Marco (Em 02 setembro 2008)
Epitáfio (Titãs)
Composição: Sérgio Britto

Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer...
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger enquanto eu andar...

Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger enquanto eu andar...(2x)
Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr...

 
Vídeo: Titãs - Epitáfio (Clipe Oficial) - Publicado em 3  jun  2012. 
https://www.youtube.com/watch?v=YOJiYy1jgRE - 

6 comentários:

  1. Texto lindo e muitas verdades, acho que cada um de nós tem um pouquinho dele... que bom, assim a dor passa, mas a saudade e as lembranças (boas!) sempre ficam!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sil, querida.
      Tomara que nós deixemos saudades também e um mundo um pouquinho melhor,... beijos e volte sempre.
      Anita

      Excluir
  2. A dor nunca passa A gente é que se acostuma com ela. Bjs
    Ione

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ione, meu bem, acho que não, sobretudo no seu caso - mãe perder um filho. Mas lembre-se de agradecer pelos bons momentos que compartilharam... Isso, sim, uma dádiva. beijo grande.
      Anita

      Excluir
  3. Respostas
    1. Edna, meu bem, obrigada pela visita. Volte sempre. E que se lembre mais dos bons momentos daqueles queridos que partiram...um beijos
      Anita

      Excluir