A foto acima é das últimas fotos dele que tirei, no Horto Florestal em SP. Pascoal e seus inseparáveis acessórios: boné e bengala
Dizem que sou parecida com
ele, sobretudo em meus momentos de impulsividade (aquele que não tiver esses
momentos levante a mão [!!!], ou está mentindo). Quando tenho meus rompantes e
arroubos impulsivos, meus filhos, carinhosamente, me chamam de Pascoalzinho... Em parte, acho que têm
razão e fico envergonhada desses momentos... Juro que estou trabalhando nisso.
Mas, além dessa herança, ele
me passou muitas coisas que ficaram firmemente gravadas em mim, como noções de
ética, integridade e honestidade; de lealdade e amor à família e ao trabalho.
Acho que trago tudo isso em mim. Logo depois que ele se foi, escrevi esse texto
para meus familiares. Acho bastante atual e republico aqui, por ocasião do
sétimo ano de seu falecimento.
* * * * *
A morte nos ajuda a
redimensionar nosso olhar sobre a vida, seus valores e acontecimentos,
enxergando e valorizando o que de fato interessa, procurando viver com mais
sabedoria, discernimento e compaixão; sobretudo porque, no caso do pai, é a
grande célula familiar que começa a se romper. Sabemos ser inevitável, mas nem
por isso é menos doloroso. Devemos ter em mente as boas lembranças, deixar que
a saudade seja companheira suave a nos fazer sorrir e, assim, trazer a pessoa
que partiu para perto do coração. Mas sem revolta.
Dói, é verdade e é natural,
mas não precisamos sofrer com isso. Cada um faz o que tem que fazer, nós
também. E a hora da partida chega para todos. Na escola da vida, há um momento
em que temos que passar de ano ou mudar de fase, queiramos ou não; é inevitável
e independe de nossa vontade.
O que depende de nós é
fazermos nosso melhor sempre, a cada dia, em cada atividade, olhando para o
outro como olharíamos para nós mesmos; agindo em conformidade com nossa origem
divina comum... Agindo assim, não há razão para temer a morte.
A saudade vem, é fato, mas
temos as boas lembranças e a herança que carregamos desde sempre – meu jeito
meio bravinho e radical é herança dele, minha retidão e senso de justiça
também, o vestir a camisa a todo custo, idem; enfim, cada um recebeu parte
maior ou menor dessa herança, temos é que honrá-la. Como disse, a dor da
perda é inevitável, o sofrimento não.
Acho que a música Epitáfio vem bem a calhar: aplicar o que
sabemos hoje, para não nos lamentarmos depois. Só acho que não é o acaso não
vai nos proteger; nossas atitudes é que irão nos proteger e preparar-nos para
quando chegar nossa hora.
Anita Di Marco (Em 02 setembro 2008)
♦ Epitáfio (Titãs)
Composição: Sérgio Britto
Devia ter amado mais, ter
chorado mais, ter visto o sol nascer...
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração...
Devia ter arriscado mais e até errado mais
Ter feito o que eu queria fazer...
Queria ter aceitado as pessoas como elas são
Cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração...
O acaso vai me proteger enquanto eu
andar distraído
O acaso vai me proteger enquanto eu andar...
O acaso vai me proteger enquanto eu andar...
Devia ter complicado menos, trabalhado
menos, ter visto o sol se pôr
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger enquanto eu andar...(2x)
Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr...
Devia ter me importado menos com problemas pequenos
Ter morrido de amor...
Queria ter aceitado a vida como ela é
A cada um cabe alegrias e a tristeza que vier...
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger enquanto eu andar...(2x)
Devia ter complicado menos, trabalhado menos, ter visto o sol se pôr...
Vídeo: Titãs - Epitáfio (Clipe Oficial) - Publicado em 3 jun 2012.
https://www.youtube.com/watch?v=YOJiYy1jgRE -
https://www.youtube.com/watch?v=YOJiYy1jgRE -
Texto lindo e muitas verdades, acho que cada um de nós tem um pouquinho dele... que bom, assim a dor passa, mas a saudade e as lembranças (boas!) sempre ficam!
ResponderExcluirSil, querida.
ExcluirTomara que nós deixemos saudades também e um mundo um pouquinho melhor,... beijos e volte sempre.
Anita
A dor nunca passa A gente é que se acostuma com ela. Bjs
ResponderExcluirIone
Ione, meu bem, acho que não, sobretudo no seu caso - mãe perder um filho. Mas lembre-se de agradecer pelos bons momentos que compartilharam... Isso, sim, uma dádiva. beijo grande.
ExcluirAnita
Anita, muito lindo,....
ResponderExcluirEdna, meu bem, obrigada pela visita. Volte sempre. E que se lembre mais dos bons momentos daqueles queridos que partiram...um beijos
ExcluirAnita