domingo, 29 de novembro de 2015

Reflexão | Convivência


Imagem: http://www.klickeducacao.com.br/enciclo/encicloverb/0,5977,PIG-11096,00.html 

Durante uma era glacial remota, quando parte do globo esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a se juntar mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos, juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não mais suportarem os espinhos de seus semelhantes. Doía muito...
Mas essa não foi a melhor solução; afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.
Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem se magoar, sem causar danos recíprocos. Assim suportaram-se resistindo à longa era glacial.
Sobreviveram.  
[O autor da fábula é o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, 1788-1860].

2 comentários:

  1. Amo essa metáfora e como ela é verdadeira.
    Apesar de uma certa distância de segurança (rs) precisamos nos aproximar mais, não é querida???
    Linda lembrança!
    Abç

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    1. Nem diga, a evolução é trabalho individual, mas ninguém pode ficar para trás. uns ajudando os outros......obrigada pela visita...volte sempre..bjs

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