* Texto da autora,
Anita Di Marco, publicado originalmente no boletim
Beleza in | Comportamento: http://belezain.inter7.com.br/modulo_inteiro.php?cod=105
Início do ano letivo.
Novas conquistas, novas
decisões, novas fases da vida. Sobretudo para os pais de jovens que ingressam
em universidades em outras cidades, às vezes outros estados. Apesar da alegria
pela conquista dos filhos, não há como negar certa sensação de abatimento e preocupação.
Por isso acho que o tema vem bem a calhar...
Certa vez li um texto que
falava sobre uma águia que, gentilmente, mas com o coração dolorido, empurrava
seus filhotes pelo penhasco... porque era chegada a hora de irem ao encontro de
seu destino e de descobrirem que tinham asas...
Chega o tempo em que os
filhos se vão, querem novos horizontes, desbravar mundos. Querem voar. É
obrigação de cada pai e cada mãe recolher suas asas de proteção, desvestir-se
de todo medo e preocupação e assumir o papel de águia e lançar, soltar, ajudar
o filho a voar, a se equilibrar, a buscar novos destinos, a crescer.
É nossa obrigação oferecer
todos os recursos disponíveis para que eles possam se desenvolver sozinhos,
apesar da distância, da preocupação com o desconhecido e da saudade.
Como diz Rubem Alves,
lindamente, em sua crônica “Quando os filhos voam” trata-se de desenvolver
agora um ‘amor alado’, não um amor dependente e exigente. É tempo de amar à
distância; mas os filhos amados e criados para serem independentes sabem que,
se precisarem, estaremos logo ali.
Este é um gesto de amor e
de desapego; um gesto necessário e sofrido, porque como dizia Gibran(1), “nossos
filhos não são nossos filhos, são filhos da ânsia da vida por si mesma” e nós
somos apenas os arcos que os impulsionam.
No futuro, iremos agradecer quando percebermos que, apesar de nossos temores, os discípulos superaram os mestres, os filhos superaram os pais. É da Vida, é da natureza o voar e deixar voar.
No futuro, iremos agradecer quando percebermos que, apesar de nossos temores, os discípulos superaram os mestres, os filhos superaram os pais. É da Vida, é da natureza o voar e deixar voar.
(1)Gibran Khalil Gibran (1883-1931)
foi ensaísta, filósofo, poeta, conferencista e pintor libanês, cujos escritos
profundos, simples e belos, foram traduzidos no mundo todo. É do seu livro mais famoso, o Profeta (1927),
o texto que reproduzimos abaixo.
Os Filhos
[Do Livro "O Profeta", 1927]
[Do Livro "O Profeta", 1927]
Uma mulher que carregava o filho nos braços
disse: "Fala-nos dos filhos."
E ele falou:
Vossos filhos não são vossos
filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si
mesma.
Vêm através de vós, mas não de
vós.
E embora vivam convosco, não vos
pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos
pensamentos,
Porque eles têm seus próprios
pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas
almas;
Pois suas almas moram na mansão do
amanhã,
Que vós não podeis visitar nem mesmo em
sonho.
Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não
procureis fazê-los como
vós,
Porque a vida não anda para trás e não se demora com
os dias
passados.
Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são
arremessados como flechas
vivas.
O arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos
estica com toda a sua
força
Para que suas flechas se projetem, rápidas e para
longe.
Que vosso encurvamento na mão do arqueiro seja vossa
alegria:
Pois assim como ele ama a flecha que
voa,
Ama também o arco que permanece estável.
Referências:
Gibran Khalil Gibran, O Profeta. Tradução e apresentação de Mansour Challita.Ed. Vozes, Rio de Janeiro, 1974.
Muito bonito isto. Este é o seu exemplo. Parabéns, amiga. Bjs
ResponderExcluirObrigada, mas não se esqueça de deixar seu nome, no final... Imagino uma pessoa, mas.... obrigada pela visita... beijos
ExcluirAnita
Muito bonito isto. Este é o seu exemplo. Parabéns, amiga. Bjs
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