segunda-feira, 20 de abril de 2015

Reflexão: O mar [ou A função da Arte]

 Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. 
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. 
E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: — Me ajuda a olhar!
- Eduardo Galeano (1940-2015), O Livro dos Abraços.
Extraído de sua obra 'O livro dos abraços', traduzido por Eric Nepomuceno, editado pela LPM Editores: 1991. Um livro delicado e sensível que traz uma série de histórias curtas e envolventes com a visão por vezes crítica, por vezes lírica do autor, sobre emoções, valores, arte,  política e muito mais. 

 

2 comentários:

  1. Que passagem bem escolhida. Me identifico totalmente. Também fico assim sem fôlego diante da beleza.

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  2. Então já somos três - Diego, você e eu. Eu me encanto, me emociono e silencio com reverência diante da grandeza do e da natureza...Obrigada pela visita. Seus comentários são sempre gentis e aguardados. Volte sempre.
    Anita

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