segunda-feira, 30 de março de 2015

Educação

Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.
 - Paulo Freire (1921-1997)       

domingo, 29 de março de 2015

Linguagem & Poesia: A forma de olhar

Desde há muito, o modo de olhar me chama a atenção. Já refleti e escrevi sobre o tema.  Há poucos dias, não resisti e quis filosofar mais um pouco. Dei uma procurada nos meus achados (ou perdidos) e coloquei no papel algumas ideias.    

Em espiritualidade, o terceiro olho, o olho frontal, o Ajna Chackra é a sede da intuição... No Evangelho lemos que é preciso ter 'olhos de ver'... E ainda lemos "Se teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”.

Saint Exupèry dizia que 'só se vê bem com os olhos do coração'. 

Rubem Alves dizia que existe algo na visão que não pertence à física...que o "ato de ver não é natural, precisa ser aprendido e a primeira função do educador é ensinar a ver, por isso temos que desenvolver olhos de poeta, porque os poetas ensinam a ver".

Adélia Prado diz que “De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra e vejo pedra mesmo”. 

Já as retinas fatigadas de Drummond  viram uma pedra no meio do caminho, mas também viram algo mais e a pedra virou um dos mais conhecidos e repetidos poemas. 

Fernando Pessoa, em princípio, decidiu ficar com elas: “Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." e, sob Alberto Caieiro, narra ter aprendido a arte de ver com um menininho que fugiu do céu, um dia quando Deus estava a dormir e o Espírito Santo estava a voar: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas..."

O amigo Frederico sempre fala de como devemos educar nosso olhar, para ver tudo com olhos de encantamento e convite... 

O segredo dos poetas não está na coisa observada, mas no olhar... A poesia está nos olhos de quem vê e o ato de ver deve ser aprendido, educado e atualizado. 

Balaústre do teatro. Foto: Anita Di Marco

Foi com base nessas verdades que nasceu o título da exposição de fotos autorais, em P&B, que Vanessa CTReis e eu fizemos em abril 2011, na reabertura do Teatro Municipal Capitólio, de Varginha. O título era: O que não se percebe (mais): um novo olhar sobre o teatro Capitólio... A propósito, um novo projeto, hoje ainda em gestação, é intitulado Saber ver... 

Bilheteria do teatro. Foto: Anita Di Marco

Enfim, desenvolver olhos capazes de ver algo mais, olhos que veem o encanto do conteúdo real antes das aparências, traz consigo um longo aprendizado, de uma vida inteira... mas é o único caminho. 


 

 
Flor ou mofo: o que você vê?. Foto: Anita Di Marco

Lago de Furnas, Varginha. Foto: Anita Di Marco

 





 

 









sexta-feira, 27 de março de 2015

Paisagem construída: Ciclovias e Mobilidade

Há alguns anos e no mundo todo, há uma discussão em curso sobre a busca de melhor qualidade de vida nas cidades. Entre outras medidas, fala-se da diminuição do uso do transporte individual, da melhoria do transporte público de massa e também de outros modais, como o aumento de ciclovias, criando cidades mais agradáveis, seguras, dinâmicas e com maior mobilidade urbana. As cidades deveriam se tornar Cidades para Pessoas, conforme prega Jan Ghel, no livro do mesmo nome, da editora Perspectiva; deveriam ser mais “caminháveis” (termo empregado por Jeff Speck em seu livro Walkable City, traduzido por mim e a ser lançado brevemente pela mesma editora). Os dois livros narram casos de sucesso de melhoria da qualidade e da mobilidade das cidades.
A construção e uso das ciclovias é sucesso no mundo todo; no Brasil, é uma realidade em crescimento, inclusive em São Paulo, mas o Ministério Público, após pedidos contrários às obras, decidiu vetar as obras de construção de ciclovias na capital, decisão parcialmente aceita pela justiça.
Nessa sexta-feira, dia 27, está em marcha uma convocação para uma grande bicicletada contra essa decisão da justiça. Grupos de ciclistas, vinculados a associações do mundo todo, consideram a decisão do MP retrógrada e inversão de valores. Gabriel di Pierro, diretor geral da ONG Ciclocidade, que defende os direitos de ciclistas, alega que, entre 2013 e 2014, foram realizadas mais de 170 reuniões públicas, com a participação de ciclistas, para discussão da mobilidade. Afirma ainda que a política de implantação de ciclovias vem sendo feita “de baixo pra cima, respondendo a um anseio da população”. 
Apoiados por vários grupos nacionais e internacionais, os ciclistas integram e têm ainda o apoio do movimento Massa Crítica, originado em 1992 em São Francisco, Califórnia.  Durante o protesto, as palavras de ordem serão: 'cidade com mais amor e menos motor'.  Em jogo, o interesse para a construção de uma cidade melhor para todos contra os interesses de certos setores. A conferir.
Fotos: Blog Plural; http://www.uniaodeciclistas.org.br/artigos/ciclovias-lazer-reciclando/#more-1686 e CicloFaixaSP 
  



quinta-feira, 26 de março de 2015

Arte & Cultura: Inezita Barroso

Há alguns dias, no início de março, a música brasileira perdeu Inezita Barroso (1925-2015), aos 99 anos, nome artístico de Ignez Magdalena Aranha de Lima, formada em Biblioteconomia e também cantora, atriz, folclorista, professora, apresentadora e um verdadeiro arquivo ambulante sobre a música de raiz. Foi uma das primeiras, se não a primeira intérprete de Ronda, de Paulo Vanzolini. Inesquecíveis são suas interpretações de Lampião de gás, Moda da Pinga, Fiz a cama na varanda, entre tantas outras e, principalmente, Luar do Sertão, música que me remete à infância, quando minha mãe cantava, com voz melodiosa, a linda música composta por Catulo da Paixão Cearense (1863-1946), poeta, músico e compositor brasileiro e João Pernambuco.

Ouça: Luar do Sertão - http://www.youtube.com/watch?v=Rv6NHtDzlb8 
 
(Vídeo de Antônio Augusto dos Santos, Antônio Bocaiuva, antaugsan, Divinópolis, Bocaiuva, Minas Gerais. Fotos e imagens da Internet. Informações adicionais em www.joaovilarim.com.br e www.desmanipulador.blogspot.com.br Em 7/9/2013)

segunda-feira, 23 de março de 2015

quinta-feira, 19 de março de 2015

Reflexão: Ação

Tudo que você não pode dizer como fez, não faça. 
- Kant

Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. 
- Paulo de Tarso  

quarta-feira, 18 de março de 2015

Arte & Cultura: Para sempre Elis (1945-1982)

Imagem: Catraca Livre
 Neste mês de maio de 2015 Elis Regina completaria 70 anos, mas confesso que eu não me lembraria disso se não fossem os vários blogs e pessoas falando do assunto. Na verdade, a lembrança marcante, para mim, é bem outra já que algumas datas ficam associadas a determinados lugares e fatos e, mesmo involuntariamente, nunca são esquecidas.
Ano: 1982.  Lugar: Roma.  Associação: Elis Regina.  

Mesmo sendo dia de seu 70º aniversário, para mim o que vem à mente é aquele dia, lá longe em janeiro de 1982. Era tarde e eu voltava do ICCROM, onde fazia o curso de especialização em Conservação de Bens Culturais. Quando cheguei à nossa casa romana (onde moravam Fernanda, Mariângela S. Castro e eu), perto da Basílica de São João de Latrão (San Giovanni in Laterano), vejo minha amiga Fernanda Freire chorando. Aos prantos, ela me olha e diz: —  Elis se foi... 
Não entendi. Quem? Como? Onde? Repita... A ficha demorou a cair. Mas era verdade... 36 anos, tão jovem, tão promissora, tão brilhante. A embaixada brasileira em Roma, no Palazzo Doria Pamphili, fez uma apresentação em homenagem à cantora ou algo do gênero. A memória começa a se apagar.

Aliás, sabíamos de tudo que ocorria na embaixada. Nosso amigo, o arquiteto Paulo Hatanaka, trabalhava lá e sempre que podíamos íamos visitá-lo e apreciar, nas áreas abertas ao público, diga-se de passagem, o belo edifício barroco, sede da embaixada brasileira. Em uma dessas ocasiões, outra colega, Léa, que desistiria da arquitetura para tornar-se cantora, fez sua homenagem à Elis. Em outra, lembro-me de ter visto figuras carimbadas como Carybé, Jorge Amado, Antonella Versace e respectivo entourage também por ali. Enfim, a embaixada era ponto de encontro de brasileiros e convidados e, nessa hora triste, todos foram para lá.

Hoje, falando de Elis é impossível esquecer-se de seu papel na nossa geração; sua graça, sua presença, seu riso fácil, seu sotaque, seu nariz arrebitado. Uma perda, uma judiação, como eu disse na época, depois de ter saído do choque. Dentre as várias homenagens, Luiz Nassif, em seu sempre admirável blog, nos brinda com uma série de vídeos únicos e inesquecíveis. 

Referências:
Site da cantora: http://www.elisregina.com.br/