Oneyda Alvarenga e Aurélia Rubião. Duas personagens
reais, nascidas em Varginha, sul de Minas Gerais. A primeira era pianista, poetisa, escritora, estudiosa, musicista, musicóloga e folclorista. Assumiu, organizou e comandou, a partir de 1935, a Discoteca Pública da cidade de São Paulo, criada por Mário de Andrade. A segunda, pintora e artista premiada, professora de artes plásticas. Ambas foram para São Paulo e conheceram Mário de Andrade, grande
nome da cultura nacional. Em março de 1945, um mês após a morte do autor de Macunaíma, há um diálogo entre ambas, que bem poderia ser real. A cena se passa em Varginha, na casa de Aurélia Rubião.
É o que narra a peça À outra margem,
lançada em dezembro de 2014, de autoria de José Roberto Sales, psicanalista e
escritor, presidente da Academia Varginhense de Letras, Artes e Ciências - AVLAC.
O livro
proporciona uma leitura direta e fluída entre as duas que faz com que o leitor se sinta partícipe daquele diálogo, como se estivesse na primeira fila do teatro. A
ansiedade e a raiva inicial de Aurélia, a amargura ao longo do texto e a
progressiva compreensão do mentor intelectual e a libertação daquela figura
forte, respeitada e amada. Dá para sentir a presença de espírito, a verve, a juventude e o olhar compreensivo
da "inteligentíssima"
Oneyda, assim definida pelo próprio Mário em carta a Manuel Bandeira. Durante a agradável leitura do livro, consegui
me ver, em especial, no trecho em que a questão do olhar (tema que me é especialmente caro) é percebida pelos personagens, Mário e Oneyda, sempre à hora do chá, ao rirem da aparente banalidade das coisas, nada banais para aqueles que sabem ver,
para aqueles que carregam a poesia no olhar...
Vale muito a leitura... seja da obra, seja da precisa resenha feita por Francisco Romanelli, juiz aposentado e membro da AVLAC.
Resenha: https://pt-br.facebook.com/casadaculturadevarginha/posts/559621297514663:0
Foto capa: Divulgação Resenha: https://pt-br.facebook.com/casadaculturadevarginha/posts/559621297514663:0
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