domingo, 29 de março de 2015

Linguagem & Poesia: A forma de olhar

Desde há muito, o modo de olhar me chama a atenção. Já refleti e escrevi sobre o tema.  Há poucos dias, não resisti e quis filosofar mais um pouco. Dei uma procurada nos meus achados (ou perdidos) e coloquei no papel algumas ideias.    
Em espiritualidade, o terceiro olho, o olho frontal, o Ajna Chackra é a sede da intuição... No Evangelho lemos que é preciso ter 'olhos de ver'... E ainda "Se teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso”.
Saint Exupèry dizia que 'só se vê bem com os olhos do coração'. 
Rubem Alves dizia que existe algo na visão que não pertence à física...que o "ato de ver não é natural, precisa ser aprendido e a primeira função do educador é ensinar a ver, por isso temos que desenvolver olhos de poeta, porque os poetas ensinam a ver".
Adélia Prado diz que “De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra e vejo pedra mesmo”. 
Já as retinas fatigadas de Drummond  viram uma pedra no meio do caminho, mas também viram algo mais e a pedra virou um dos mais conhecidos e repetidos poemas. 
Fernando Pessoa, em princípio, decidiu ficar com elas: “Pedras no caminho?  Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." e, sob Alberto Caieiro, narra ter aprendido a arte de ver com um menininho que fugiu do céu, um dia quando Deus estava a dormir e o Espírito Santo estava a voar: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas..."
O amigo Frederico sempre fala de como devemos educar nosso olhar, para ver tudo com olhos de encantamento e convite... O segredo dos poetas não está na coisa observada, mas no olhar... A poesia está nos olhos de quem vê, e o ato de ver deve ser aprendido, educado e atualizado.
Intuindo (?!) tudo isso, o título da exposição de fotos que fizemos, Vanessa CTReis e eu, em abril 2011, época da reabertura do Teatro Capitólio, chamava-se: O que não se percebe (mais): um novo olhar sobre o teatro Capitólio... 
A propósito, um projeto ainda em gestação, chama-se Saber ver...
Enfim, desenvolver olhos capazes de ver algo mais traz consigo um longo aprendizado, de uma vida inteira... mas é o único caminho. 
Fotos: Anita Di Marco. Dois detalhes do Teatro Capitólio; Flor ou mofo: o que você vê?; Um muro de pedras no meio do caminho; Represa de Furnas, Varginha. 






2 comentários:

  1. Engraçado a gente ser amigas a tanto tempo e eu não conhecer este teu lado fotógrafa...Sai bem em tudo. Parabéns!
    Ione

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    1. Eu sou plural, esqueceu? E curiosa... Apareça sempre, você é sempre bem-vinda!
      Anita

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